Eleições Autárquicas País

Chega faz três convenções e quer ver-se "em todos os boletins" sem coligações

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O Chega vai organizar três Convenções Autárquicas em março, para formar dirigentes e militantes, recusando quaisquer coligações nas eleições locais porque quer constar de "todos os boletins", revelou o vice-presidente do partido Nuno Afonso.

"O objetivo principal é conseguir concorrer em todos os 308 municípios. Conseguir conquistar alguma câmara municipal é muito difícil, temos consciência disso. Até porque os bons resultados das eleições presidenciais não podem ser transpostos para estas eleições autárquicas, mas queremos ler Chega em todos os boletins", disse Nuno Afonso, em entrevista à agência Lusa.

Em Portugal existem 308 municípios e respetivas assembleias municipais - 278 no continente, 19 nos Açores e 11 na Madeira. Há ainda 3.092 juntas de freguesia -- 2.882 no continente, 156 nos Açores e 54 na Madeira.

"Depois de termos conseguido presença na Assembleia da República [deputado único desde outubro de 2019] e de já sermos a terceira força política nacional, segundo as sondagens, após a grande campanha a Belém do presidente [do partido], André Ventura, agora, queremos ter real implantação em todo o país, com vereadores e deputados municipais", declarou o arquiteto de 45 anos.

Nuno Afonso vincou que o partido de extrema-direita não vai concorrer em nenhuma coligação, "seja no lugar ou aldeia mais pequenos, seja nas grandes metrópoles", embora admita a inclusão de independentes nas listas, em determinadas regiões.

"Vamos fazer três Convenções Autárquicas, precisamente com o objetivo de formar as pessoas. Muitos militantes nossos não têm experiência política anterior. Vai servir para explicar o funcionamento das autarquias, das assembleias municipais, algumas noções práticas processuais, mas também uniformizar a mensagem do partido e identificar as estratégias", revelou o chefe de gabinete do deputado único no parlamento.

Este militante n.º 2 do Chega, logo a seguir ao fundador e presidente novamente demissionário, Ventura, partilha com o amigo a origem da Linha de Sintra e o passado como conselheiro nacional do PSD, aquando da liderança do antigo primeiro-ministro Passos Coelho.

As convenções autárquicas vão realizar-se, a sul (20 de março), no centro (21 de março) e a norte (27 de março) do país, de forma presencial, mas também poderão ser seguidas e participadas por videoconferência, estando ainda por escolher os locais específicos.

"Já há alguns candidatos definidos, também pessoas com passado político e conhecidas publicamente, em várias áreas de atividade, bem inseridas na sociedade civil", afirmou Nuno Afonso, mas remetendo a revelação de nomes para depois das eleições diretas para presidente da direção nacional, em 06 de março.

O sufrágio deve ilegitimar pela segunda vez o previsível candidato único à liderança do partido, André Ventura, após duas demissões desde a I Convenção Nacional (30 de junho de 2019), ou seja, no último ano e sete meses. Segue-se uma III Convenção Nacional para eleger ou reeleger os vários órgãos, presumivelmente em maio, numa cidade ainda por definir.

"As zonas suburbanas de Setúbal (margem sul do rio Tejo) e de Lisboa (Sintra, Loures, Odivelas), mas também algumas regiões de Évora e de Portalegre" foram apontadas por Nuno Afonso como tendo maior potencial de votação no Chega nas Autárquicas de 2021.

Entretanto, colocou-se a questão, devido à pandemia da covid-19, do adiamento das eleições ou da sua realização em mais do que um dia, por proposta de PSD e de PAN, mas Ventura, que não se opõe ao adiamento, já rejeitou o desdobramento em vários dias de votação.

"O Chega não se opõe ao adiamento, mas porquê em dezembro? Estaremos numa situação pandémica melhor do que em setembro ou outubro? É absurdo. Vamos ouvir os especialistas, olhar para os níveis de infeção e criar um mecanismo legal que permita adiar as eleições, caso os níveis estejam muito elevados [números de pessoas em cuidados intensivos, de mortes, infeções por milhar de habitantes]. Por que não março ou maio [de 2022] quando já não haja pandemia", defendeu na sexta-feira.

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