Talibãs advertem NATO para não prolongar presença no Afeganistão
Os talibãs consideraram hoje que "o prolongamento da ocupação e da guerra" não é do interesse de nenhuma das partes, antes de uma reunião da NATO sobre a retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão.
Os aliados dos Estados Unidos na NATO devem decidir na próxima semana se os seus 10.000 militares se retiram com as forças norte-americanas ou se continuam envolvidos na missão da organização, 'Resolute Support', numa altura em que a violência por parte dos talibãs continua a fazer-se sentir no país.
"A nossa mensagem, tendo em vista a reunião de ministros da NATO, é que o prolongamento da ocupação e da guerra não é nem do vosso interesse, nem do vosso povo ou do nosso", declararam os talibãs em comunicado.
"Quem procurar o prolongamento das guerras e da ocupação será responsabilizado, como tem acontecido nas últimas duas décadas", advertiu o grupo.
O ex-presidente norte-americano Donald Trump concluiu um acordo com os talibãs em fevereiro de 2020, prevendo a retirada total das forças norte-americanas até maio, e em contrapartida os rebeldes comprometeram-se a não deixar que grupos terroristas possam agir a partir das zonas que controla e a deixar de atacar as tropas dos Estados Unidos.
Trump reduziu o número de militares norte-americanos no Afeganistão para 2.500 no início de 2021.
A nova administração liderada por Joe Biden já mostrou, no entanto, vontade de rever o acordo com os talibãs, nomeadamente para avaliar se os rebeldes estão a respeitar os seus compromissos.
A Alemanha quer prolongar a sua missão militar no Afeganistão, anunciou hoje o chefe da diplomacia alemã.
No início deste mês, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, pediu aos talibãs para respeitarem os seus compromissos e, em particular para reduzirem a violência e cortarem as ligações a grupos terroristas internacionais.
"Se decidirmos partir, corremos o risco de colocar em perigo o processo de paz e a perder o que conseguimos na luta contra o terrorismo internacional nos últimos anos. Há também o risco de o Afeganistão se tornar de novo um refúgio para os terroristas internacionais", afirmou.
"Se decidirmos ficar, arriscamos continuar a participar numa operação militar difícil no Afeganistão e a ver aumentar a violência, incluindo contra tropas da NATO", acrescentou Stoltenberg.
"Qualquer que seja a decisão, deve ser conjunta", concluiu.
Hoje, os talibãs reiteraram o seu "compromisso sério" no que foi acordado com Washington, assegurando que "diminuiu significativamente o nível de operações", apesar de no terreno se constatar que continuam a sua ofensiva com ataques frequentes às forças afegãs.