Reinfeção grave com variante sul-africana preocupa médicos em França
As autoridades de saúde de França mostraram hoje preocupação com a gravidade de uma reinfeção com a estirpe sul-africana do novo coronavírus, num doente em cuidados intensivos, diferenciando-se da maioria das reinfeções que tinham sido leves.
O doente "está em estado grave e ligado a um ventilador", informou em comunicado a entidade que agrupa os hospitais de Paris (APHP).
O paciente, que tinha estado infetado com covid-19 em setembro, sofre também de asma, divulgou a agência EFE, sublinhando a sua sensibilidade a quaisquer problemas respiratórios adicionais.
"O que nos preocupa é a gravidade desta segunda infeção com uma nova variante do vírus", disse o chefe de emergências de outro hospital de Paris e especialista no caso, Frédéric Adnet, a um canal de televisão local.
Professor de Medicina Intensiva do hospital Colombes, onde o paciente está internado há três semanas, Jean-Damien Ricard, recusou alarmismos considerando tratar-se de "uma situação excepcional, a primeira que foi descrita".
O mesmo responsável sublinhou que existem várias hipóteses para explicar a gravidade do caso, desde uma possível deficiência imunológica do paciente, até uma geração insuficiente de anticorpos após a primeira infeção, ou ainda a possibilidade de a nova infeção ser de estirpe mais agressiva, como a sul-africana 501Y.V2, que tem consequências mais graves.
O epidemiologista Yves Buisson, presidente do Grupo Covid da Academia Nacional de Medicina, citado pela EFE, confirmou tratar-se de um caso que "deve ser estudado".
Buisson clarificou que seria necessário saber se os anticorpos que o paciente desenvolveu durante a sua primeira infeção eram capazes de neutralizar a variante sul-africana, e se ela "escapa parcialmente a uma imunidade adquirida por uma infeção anterior".
O caso foi publicado esta semana na revista científica norte-americana Clinical Infectious Diseases.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.384.059 mortos no mundo, resultantes de mais de 108,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.