Falta de doses atrasa vacinação no Brasil
A falta de doses disponíveis de vacinas contra a covid-19 no Brasil fez diminuir o rimo de vacinação no país, cuja campanha nacional começou em janeiro, admitiram esta sexta-feira as autoridades locais.
No Rio de Janeiro, a cidade brasileira que regista o maior número de vítimas mortais, com quase 20 mil óbitos, a Prefeitura alertou que só tinha doses suficientes para vacinar "até sábado" [hoje].
"Esperamos a chegada de novas doses na próxima semana. Se não for o caso, a vacinação será interrompida", alertou governo local em nota.
Em duas cidades da periferia do Rio de Janeiro, São Gonçalo e Niterói, a vacinação já teve de ser suspensa por vários dias nesta semana por falta de vacinas.
O mesmo aconteceu em Salvador, capital da Bahia, que interrompeu a vacinação dos profissionais de saúde e atrasou o processo para as pessoas de 80 a 84 anos, que deve começar para a semana.
No estado de São Paulo, coração económico do país, as autoridades de saúde também tiveram de adiar o início da vacinação dessa faixa etária, para 01 de março.
"As datas foram definidas de acordo com a quantidade de vacinas disponíveis. E não é suficiente", disse Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo, nesta sexta-feira.
Até o momento, quase 12 milhões de doses - vacinas dos laboratórios chinês Sinovac e anglo-sueco AstraZeneca - foram distribuídas para todos os estados do Brasil e mais de 4,5 milhões de pessoas já receberam a primeira dose.
Mas, de acordo com o jornal O Globo, 70% dos medicamentos restantes estão reservados para garantir a segunda dose.
A distribuição das novas doses do CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, deve ser retomada no dia 23 de fevereiro, após a chegada nos últimos dias em São Paulo de consumíveis da China que permitem a produção de mais de 17 milhões de doses.
Mais de 2,7 milhões de doses do imunizante desenvolvido pela AstraZeneca também devem estar disponíveis em março.
Apesar dos atrasos, o ministro da Saúde do Brasil, Eduardo Pazuello, garantiu na quinta-feira, durante uma audiência pública no Senado, que metade da população estará vacinada até o final do ano.
Muito criticado pela gestão da pandemia, o Governo brasileiro espera distribuir mais de 210,4 milhões de doses da vacina criada pela AstraZeneca até o final do ano e 100 milhões de doses da vacina da Sinovac até o final de agosto.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 237.489 óbitos e mais de 9,7 milhões de casos confirmados de covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.368.493 mortos no mundo, resultantes de mais de 107,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.