Brasil supera 9,6 milhões de casos e aproxima-se de 235 mil mortes
O Brasil ultrapassou hoje a barreira dos 9,6 milhões de infetados pelo novo coronavírus (9.659.167) e totaliza 234.850 mortes desde o início da pandemia, informou hoje o Ministério da Saúde brasileiro.
Desse total, 1.330 óbitos e 59.602 infeções foram contabilizadas nas últimas 24 horas, num aumento de 8.116 casos positivos face aos notificados na terça-feira, segundo o último boletim epidemiológico difundido pela tutela da Saúde do Brasil.
O Brasil, com cerca de 212 milhões de habitantes, ocupa a terceira posição mundial na lista de países com mais diagnósticos de covid-19, atrás dos Estados Unidos da América e da Índia, e é a segunda nação com mais mortes em todo o mundo, depois dos Estados Unidos.
A taxa de letalidade da covid-19 em território brasileiro continua em 2,4% e a taxa de incidência é agora de 112 mortes e 4.596 casos por 100 mil habitantes.
O foco da pandemia no país é o Estado de São Paulo, o mais rico e populoso do Brasil, que concentra 1.878.802 infeções e 55.419 vítimas mortais. No lado oposto, encontra-se o Acre, com 51.679 casos e 902 óbitos, sendo a unidade federativa menos afetada.
Em relação ao número de recuperações, quase 8,6 milhões de pacientes brasileiros recuperaram da doença causada pelo novo coronavírus.
Um estudo realizado pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), aponta que 80% dos pacientes recuperados da covid-19 apresentaram disfunções cognitivas, como perda de memória, dificuldade de concentração, problemas com compreensão ou entendimento e dificuldades com o julgamento e raciocínio.
Outro dado mostra ainda que essas sequelas não acontecem apenas em pessoas que tiveram a doença num estágio grave, sendo que pacientes que tiveram corrimento nasal ou outros sintomas mais leves, e até mesmo os assintomáticos, foram diagnosticados com disfunção cognitiva em algum grau.
"Isso deixa clara a importância de se incluir na avaliação clínica dos pacientes pós-covid-19, de qualquer gravidade, sintomas de problemas cognitivos como sonolência diurna excessiva, fadiga, torpor e lapsos de memória", disse à imprensa a neuropsicóloga Lívia Valentin, que conduziu o estudo, sublinhando a importância de um "diagnóstico precoce".
A primeira fase do estudo foi realizada com 185 pessoas, entre março e setembro de 2020. Atualmente, 430 pacientes estão sob acompanhamento.
Outra consequência detetada na investigação foi a perda de perceção visual: "Muitas pessoas perderam a coordenação motora e caem muito", disse a especialista.
Para o estudo, foi utilizada uma ferramenta desenvolvida por Lívia Valentin em 2010, chamada MentalPlus, um jogo criado para avaliar as disfunções neurológicas em pacientes com sequelas de anestesia geral profunda, principalmente idosos.
"Como já usava o MentalPlus, abri mais um protocolo de investigação para avaliar as funções cognitivas na covid-19 e vimos o estrago. Quando a gente diz que são recuperados, os pacientes não entendem que é algo maior. Até dizem que saíram ilesos, mas não por completo, porque permanece o cansaço, a tosse, a dor de cabeça ou a questão cognitiva, mesmo que leve", declarou a neuropsicóloga.
"Tem a falha de memória, a pessoa se confunde em tarefas simples e acaba justificando essas falhas com coisas do dia a dia: preocupações financeiras, muito tempo em quarentena, por não viajar. As pessoas não entendem que a disfunção cognitiva é o quadro mais grave que é deixado como sequela", avaliou a especialista.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.341.496 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.