Pandemia e confinamento aumentam participação nos jogos on-line
A pandemia e o confinamento favorecem, ainda mais, a participação nos jogos on-line. A afirmação é de Renato Carvalho, presidente da delegação regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos, que reagiu, assim, à manchete do DIÁRIO de hoje, que dá conta de que, em dias de escola, segundo um estudo público nacional, a Madeira é a região do país onde se passa mais tempo diário a jogar videojogos.
"Os jogos on-line permitem que, por exemplo, que os jovens (e menos jovens) estejam em interacção com outros, incluindo em ambientes de realidade virtual. Naturalmente que a estimulação que estes meios proporcionam e mesmo a forma como estão desenhados estes ambientes, incluindo com estratégias de gamificação, promovem um maior interesse e até 'vinculação' por parte dos utilizadores. O contexto da pandemia e particularmente do confinamento corresponde a uma circunstância contextual que favorece ainda mais a participação nos jogos on-line", explica.
No entanto, alerta que é preciso distinguir o normal e o patológico.
"Uma coisa é uma pessoa utilizar tecnologias e jogar on-line como forma de lazer e isso ser uma actividade de que gosta e até onde encontra mecanismos de construção da identidade, outra coisa é essa actividade ocupar todo o espaço da vida do indivíduo e interferir com a sua capacidade de se adaptar e fazer a sua vida, ou seja, termos aqui uma situação da tal dependência sem substância", referiu.
Na sua óptica, é importante os pais e os educadores, "não só monitorizarem e criarem um enquadramento para essas actividades como, sobretudo, ampliarem desde cedo o leque de experiências sociais e de lazer para os seus filhos e educandos".
"Muitas vezes o excesso de presença on-line poderá mascarar alguma pobreza de experiências e interacção social", sustenta.
O presidente da delegação regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos disse ainda que não se pode esquecer a importância da promoção da cidadania on-line, pois, "os jovens (e os adultos, já agora) podem usar muito as tecnologias e os ambientes on-line, mas isso não significa que tenham todas as competências para tal".
"Isso envolve identificarem, conhecerem e lidarem com potencialidades e com os perigos, incluindo a privacidade, e compreenderem como se interage com outros, a questão da 'socialização'. No fundo, terem consciência dos ambientes onde estão, das diferenças com o presencial e de como lidam com tudo isso de forma mais adaptativa", concluiu, frisando que "as tecnologias ocupam cada vez mais espaço na nossa vida e são cada vez mais sofisticadas".
Agência Lusa , 01 Fevereiro 2021 - 07:00