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Não desistir de viver com dignidade

Nestes tempos difíceis e muito estranhos que estamos a atravessar, o pior que podia acontecer era desistirmos de viver e de sonhar. Encontro muitas pessoas desanimadas com a vida. Tristes. Sem vontade de sorrir. Sei que a vida tem sido mais difícil para umas do que para outras, mas quando se instalam estes sentimentos, de que a vida perdeu o sabor, o cheiro, a visão do que nos rodeia, e a sensação gostosa do toque, tudo parece mais negro e triste.

Eu sou uma otimista por natureza. Se não tenho, invento motivos para sorrir e pensar em coisas boas, sem nunca descurar os meus deveres enquanto cidadã de me proteger a mim e às outras Pessoas. Encontro sempre razões e maneiras de estar em contacto com Pessoas de que quem gosto, a começar pela minha família mais chegada, converso online, ou por videochamada. Nunca me desligo do mundo e de quem me rodeia. Isto é fundamental para manter a minha sanidade mental limpa. Sempre fui e sou uma pessoa onde os afetos contam muito. Coloco posts e fotos nas redes, sobretudo no Facebook, e sinto que estou quase que integrada num coletivo que nos acompanhamos, com respeito, todos os dias.

Participo em ações coletivas via Net, partidárias ou não. Nunca perco o contacto com a Associação onde tenho trabalho Associativo. Escrevo quase todos os dias, algo novo. Trabalho em alguns projetos pessoais, etc.… Tudo isto para dizer que mesmo em pandemia, em confinamento, com recolher obrigatório, não devemos deixar de viver. Nunca devemos desistir dos nossos sonhos. Temos que nos readaptar, mas nunca deixar de viver. Às vezes perguntam-me, até por mensagem privada, se não sofro com o que se está a passar? Se não estou preocupada? Claro que estou. Claro que sofro. Claro que choro. Claro que às vezes desanimo, como toda a gente. Claro que tenho momentos de infelicidade como toda a gente. Até porque já pertenço a um grupo de risco. Mas tudo isso não me tira a alegria de viver AGORA, porque amanhã não sei o que irá acontecer. Esta pandemia não nos pode confinar a não viver, e a não gozar a vida, com o que ela nos apresenta de bom e menos bom.

Todos os dias temos o sol que nos ilumina. Eu adoro as várias faces da lua. As estrelas que, quando não estão encobertas por nuvens, brilham no céu. Temos um mar que nos rodeia que nos alimenta a paz na alma. Temos as árvores e as flores que apelam ao que de mais colorido e lindo existe na natureza. Os pássaros já começam a cantar de manhã. Temos tantas coisas belas à nossa volta que temos de nos orgulhar a cuidar delas. Temos que valorizar o que temos e lutar todos os dias para que esta pandemia, que nos tolhe a liberdade, seja declarada terminada.

Temos que viver também com todos os problemas que atingem, sobretudo, quem não tem rendimentos fixos para fazer face às despesas básicas da vida. Eu defendo que devia ser atribuído a cada pessoa ou família, diretamente, um rendimento básico, fugindo às burocracias existentes. Algo a fundo perdido, que é dado a tanta gente de várias áreas (que depois nem sabemos como o utilizam), para fazer face às necessidades mais prementes e que a palavra de ordem devia ser “ninguém fica sem apoio”. A situação é extraordinária, por isso o apoio tem que ser extraordinário e urgente.

Não podemos permitir que existam Pessoas e famílias que não têm o mínimo para sobreviver. Uma sociedade que se diz democrática e solidária tem que saber agir com urgência e acudir quem precisa. A solidariedade individual não é suficiente, nem deve ser o fundamental. Para isso é que elegemos governos para agirem nestas situações e tratarem as cidadãs e os cidadãos com dignidade.

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