Macron mantém 'tabu' de candidatura presidencial mas responde a rival
Emmanuel Macron manteve hoje o 'tabu' sobre a sua candidatura às eleições presidenciais francesas de 2022, mas respondeu à candidata de direita Valérie Pécresse, que o havia acusado de aproveitamento político da presidência francesa da União Europeia (UE).
Após apresentar hoje no Palácio do Eliseu as prioridades francesas para a presidência do Conselho da UE, no próximo semestre, Macron foi confrontado com a reclamação de Pécresse, que sondagens recentes colocam à sua frente, de poder vir a acumular em breve a presidência francesa e a candidatura presidencial às eleições de abril, além de estar à frente dos destinos europeus.
"Os desafios aos quais somos confrontados, quer sejam sanitários, migratórios, energéticos, implicam escolhas [...] Qual é a data em que se deve parar de trabalhar democraticamente? É o fim do mandato. Eu vou trabalhar até ao fim do meu mandato", disse o Presidente Emmanuel Macron, em conferência de imprensa.
"Vou agir como Presidente até ao fim", garantiu.
Apesar de o foco do encontro ser a UE, Macron abordou também com os jornalistas a situação política em França, onde a maior parte dos candidatos presidenciais já se apresentou.
Interpelado sobre o candidato de extrema-direita Eric Zemmour, Macron ressalvou que serão os franceses a escolher o próximo ocupante do Eliseu, mas deixou um alerta.
"Só vou dizer uma coisa. O nosso país é um antigo país feito de valores, cultura, combates e que sempre melhorou quando reconheceu os seus defeitos [...] Quando os maus ventos se levantam, é legítimo que certas vozes se exprimam, mas as nossas instituições têm de continuar a guiar o país. Não caímos no racismo, no antissemitismo, nem pomos em causa os nossos valores ou a manipulação na nossa história", defendeu.
Quanto à sua própria candidatura ao Eliseu, que muitos analistas consideram que só deve ser apresentada em fevereiro de 2022, Macron brincou com os jornalistas, questionando-os se estavam "obcecados com isso", e declinou responder.
O papel das instituições é "apoiar o país com calma e autoridade", disse o presidente francês.
A presidência francesa do Conselho da UE, cujos principais objetivos foram hoje apresentados pelo chefe de Estado francês, vai ter entre as suas prioridades o crescimento económico e, para investir mais em grandes projetos comuns, deverá haver exceções às regras orçamentais instituídas pelos tratados, nomeadamente a regra do défice de 3%, suspensa durante a pandemia, disse Macron.
"Estes novos investimentos devem ser integrados nos nossos quadros orçamentais, portanto precisamos de uma discussão estratégica de como enquadrar os investimentos mais favoráveis e repensar as nossas regras orçamentais nessa perspetiva", detalhou o Presidente durante uma conferência de imprensa no Palácio do Eliseu.
"Vamos ter de começar a construir um quadro financeiro credível, transparente, capaz de transmitir a ideia de uma Europa forte, justa e sustentável [...] Vamos refletir com os Estados-membros sobre este tema. Durante a pandemia pusemos entre parênteses a aplicação das nossas regras orçamentais comuns [...] e não podemos agir como se nada se tivesse passado", disse Emmanuel Macron.
De forma a concretizar esta visão, a França vai realizar entre 10 e 11 de março uma cimeira de chefes de Estado sobre o novo modelo europeu de crescimento e investimento.