Cuba regista pelo menos 671 presos políticos em Dezembro
Cuba contabiliza pelo menos 671 presos políticos em dezembro, mais 537 do que os registados no mesmo período do ano passado, informou hoje a organização não governamental (ONG) para os direitos humanos Prisoners Defenders (PD).
Com sede em Madrid (Espanha), a ONG alertou que foram assinalados "805 presos políticos em Cuba nos últimos 12 meses".
Desde 11 de julho, quando ocorreram os maiores protestos antigovernamentais em décadas, 562 pessoas foram detidas por motivos políticos, disse o PD, que mencionou no documento o opositor José Daniel Ferrer e o líder do Movimento San Isidro, Luis Otero Alcântara, preso desde esse dia.
O relatório destaca também pelo menos 23 casos de menores (14, 15, 16 e 17 anos durante a detenção) que foram processados criminalmente.
"A idade média dos manifestantes detidos é de 34 anos, um perfil muito abaixo do demográfico de Cuba, um dos países com maior envelhecimento populacional do mundo", indicou a PD, no documento hoje divulgado no seu 'site' na Internet.
Às centenas de casos de presos políticos anteriores, a PD reconhece 11 mil pessoas condenadas ou "presas por consciência" com penas de um a quatro anos, "um número que se mantém constante há vários muitos anos".
Os protestos inéditos que eclodiram no verão mostraram manifestações pacíficas, confrontos com a polícia e assaltos nas ruas de algumas localidades do país das Caraíbas.
Esses protestos, fomentados pela escassez de produtos básicos, medicamentos e longos apagões, resultaram numa morte e numa onda de detenções, incluindo de artistas, opositores e jornalistas independentes.
O governo cubano, que acusa os Estados de Unidos de promover os protestos e o descontentamento social, afirma que 62 pessoas foram julgadas e o crime predominante é a desordem pública, embora também haja acusações de desacatos, resistência, instigação à violência e danos materiais.
As penas para esses crimes variam de três meses a um ano de prisão ou multas, ou ambas, de acordo com o Código Penal de Cuba.
O magistrado do Supremo Tribunal Popular, Joselín Sánchez, disse ao jornal Granma, em agosto, que a Procuradoria recebeu 215 reclamações após o dia 11 de julho, principalmente para saber onde se encontravam os detidos.
Em 15 de novembro, um protesto dissidente foi impedido pelo governo cubano, com a implementação de forças policiais nas principais cidades, detenções de opositores e bloqueios nas casas de ativistas e jornalistas independentes.
Pouco antes dos acontecimentos do mês passado, as autoridades cubanas anularam a acreditação de cinco jornalistas da agência de notícias EFE.
Segundo a EFE, apenas duas credenciais foram devolvidas.
Cuba comunicou ao governo espanhol a intenção de devolver mais duas e conceder, não antes de 28 de novembro, o visto de jornalista ao novo chefe da delegação em Havana. No entanto, isso ainda não aconteceu, indicou a EFE.
"As decisões das autoridades cubanas nos últimos meses dizimaram a equipa da delegação da EFE em Havana, onde atualmente apenas dois jornalistas podem continuar a fazer o seu trabalho. A EFE espera poder recuperar a sua capacidade de informação na ilha nos próximos dias", adiantou a agência de notícias, numa nota dirigida aos assinantes.