Luzes da Festa
Como é tradição no dia 1 de dezembro acenderam as luzes de natal na Cidade do Funchal e como de costume é dia das famílias irem ver as luzinhas. Na nossa casa desde sempre que aproveitamos o dia para fazer os licores para a “Festa” e ao anoitecer descemos até a cidade para contemplar as iluminações, se o tempo não permitir a voltinha é de carro, mas quando está uma noite esplêndida, como este ano, nada melhor que um passeio a pé e aproveitar para comer umas castanhas quentinhas e boas que não podem faltar nesta época do ano.
Ao chegarmos à Cidade, sentimos no nosso coração o espírito de natal, pois é uma época muito especial para a nossa família e agora mais do que nunca temos de repensar a nossa forma de vida e tentarmos sermos melhores pessoas. Nestes últimos dois anos atípicos, em que tivemos de ultrapassar momentos menos bons, que perdemos entes que nos eram muito próximos, em que tivemos de ultrapassar diversas adversidades, temos de ter muita a fé e esperança que nesta época do advento, que é a preparação para o Natal, vai ser vivida de forma mais genuína, tendo em conta a sua essência que é a análise e crescimento do nosso ser sem o habitual consumismo exagerado em todos os aspetos.
A cidade está cheia cor, de muita luz, até ao ponto de sentirmos os olhos cansados de tanta luminosidade, mas infelizmente falta inovação, arte, engenho, imaginação, dedicação e empenho, foi apenas um “Copy Past” do ano transato. Quando se anuncia com ponta e circunstância o programa das festividades do Natal, no qual se menciona o presépio que está em frente à Sé como algo exuberante, mas infelizmente não temos nada de novo, até parece os presépios que existem à venda que são colocados em cima de um móvel, no final das festividades é guardado numa caixa e nos anos seguintes volta a ser colocado no mesmo local.
Compreendo que estamos em tempos de contenção de custos, mas quando temos um magro orçamento, como fazemos nas nossas casas, há que dar largas à nossa imaginação e com o que temos por vezes conseguimos elaborar verdadeiras “obras de arte”. As iluminações da nossa cidade em tempos eram conhecidas por serem genuínas, que retratavam a essência da época, diferentes das existentes nos outros locais, eram trabalhadas com muito afinco e dedicação. É fundamental aliar as novas tecnologias na elaboração dos projetos, evoluir, mudar, mas quando mudamos têm de ser para melhor e todos os anos há que estruturar de modo a termos inovações, mas sem nunca esquecermos das nossas tradições pois só assim vamos continuar a oferecer aos madeirenses e a quem nos visita iluminações únicas, singelas, sem exageros, mas que aquecem reconfortem os nossos corações com as memórias da nossa infância.
A quantidade não é sinónimo de qualidade e se não há competências para aliar o moderno ao tradicional, que são as nossas raízes, urgentemente, há que repensar e reestruturar a forma como se organiza os eventos que se realizam na nossa ilha.
Salvador Freitas