Moradia recuperada acolhe cinco pessoas em situação de sem-abrigo no Funchal
Cinco pessoas em situação de sem-abrigo são acolhidas a partir de hoje numa moradia gerida pelo Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (CASA), no Funchal, no âmbito de um projeto apoiado pela Fundação LAPS Portugal e pelas autoridades regionais.
"Queremos que façam deste projeto um caso de sucesso e, se este projeto tiver sucesso, garanto-vos que as entidades terão ainda mais força para ajudar as pessoas em situação de sem-abrigo", afirmou o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado, na inauguração da moradia.
O projeto, designado CO-Abrigo, consistiu na recuperação de uma moradia devoluta, perto do centro do Funchal, que tem capacidade para albergar até cinco pessoas em situação de sem-abrigo, tendo em vista a sua reinserção social.
A iniciativa, liderada pelo CASA, contou com um apoio financeiro de 70 mil euros da Fundação LAPS (Academia de Projetos Experimentais Gratuitos), de origem italiana, que desenvolve projetos de solidariedade social em vários pontos do mundo.
As autoridades regionais, nomeadamente a Secretaria Regional da Inclusão Social e Cidadania e a Câmara Municipal do Funchal, também apoiam o projeto.
Atualmente, estão referenciadas cerca de 100 pessoas em situação de sem-abrigo na Região Autónoma da Madeira, sobretudo no Funchal, o maior e mais populoso concelho do arquipélago.
A secretária da Inclusão Social, Rita Andrade, recordou que está em curso o Plano Regional para a Integração de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (PRIPSSA 2018-2022), que envolve 22 instituições públicas e privadas, e sublinhou que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a Madeira prevê quatro milhões de euros para projetos e respostas sociais para pessoas naquela condição.
O projeto CO-Abrigo visa a habitação partilhada de transição, por um período médio de seis meses (prorrogável por igual período mediante parecer técnico), proporcionando o acolhimento a pelo menos cinco pessoas.
Na transição para um novo projeto de vida, estas pessoas serão acompanhadas por uma equipa técnica (assistente social e psicóloga), habilitada para promover o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais, de acordo com as aspirações e habilidades de cada um.
Marcelino Moniz, um dos moradores da casa gerida pelo Centro de Apoio ao Sem-Abrigo, tem 31 anos e esteve emigrado em Inglaterra, mas, no regresso à Madeira, viveu cerca de um ano e meio na rua.
"Foi devido às minhas más opções", explica, para logo confessar que, agora, o seu "maior desejo no imediato" é encontrar emprego e retomar uma vida normal.
A casa recuperada no âmbito do projeto CO-Abrigo dispõe de três quartos individuais e um de casal com casa de banho privativa, uma sala comum, uma cozinha, um espaço de lavandaria e um pequeno jardim.
A iniciativa pretende criar um 'Plano Individual de Inserção' para cada utente, que será negociado e contratualizado com o mesmo; apostar na capacitação de cada pessoa; e realizar um processo de acompanhamento, mediação e encaminhamento social ao nível de questões de saúde, apoio social, apoio psicológico, apoio jurídico, entre outros.