Acusado de matar a mulher assume crimes "para não massacrar mais ninguém”
“Não há necessidade de ouvir mais testemunhas. Assumo tudo o que está na acusação”, declarou Abel Arreiol
Abel Arreiol, acusado de homicídio qualificado por ter desferido várias facadas na ex-mulher, no dia 30 de Dezembro do último ano, confessou todos os crimes esta terça-feira, na primeira sessão do julgamento.
“Assumo tudo o que está na acusação”, respondeu o arguido perante o colectivo, no Juízo Central e Criminal do Funchal, no Edifício 2000, no Funchal, no recomeço dos trabalhos após interrupção para almoço.
O arguido pediu o uso da palavra ao colectivo presidido pela juíza Teresa de Sousa, para solicitar o rápido desfecho do julgamento. “Não há necessidade de ouvir mais testemunhas. Assumo tudo o que está na acusação”, declarou, justificando: “Não necessidade de massacrar mais ninguém”.
Abel Arreiol começou esta manhã a ser julgado por um crime de homicídio qualificado que acabou por levar à morte, a 30 de Dezembro, a vítima, que vivia no bairro das Romeiras. No início da sessão já havia admitido a prática do homicídio.
O homem é suspeito de ter assassinado a ex-mulher à facada na noite do penúltimo dia do ano passado num apartamento do Conjunto Habitacional das Romeiras. Além do crime de homicídio qualificado, responde pelo crime de violência doméstica, por supostamente ter infligido maus tratos à vítima ao longo de cerca de um ano.
O arguido, de 57 anos, era delegado comercial e durante muito tempo foi treinador de futebol das camadas jovens do Clube Desportivo Nacional. Neste último âmbito, as suas qualidades pessoais e profissionais eram muito apreciadas. Mas uma faceta de personalidade sombria emerge na acusação do Ministério Público, particularmente no tocante ao relacionamento com a ex-mulher, Maria Teresa Passos, uma funcionária dos ‘Horários do Funchal’, que era também muito estimada por quem a conhecia.
Conforme o DIÁRIO noticiou a 17 de Setembro de 2021, durante um ano as discussões foram “habituais” e tinham sempre a ver com a habitação. Nesses momentos, o arguido anunciava à ofendida que se a casa fosse atribuída à mulher, matava-a. A 22 de Dezembro de 2020, o tribunal decidiu entregar o apartamento a Teresa.
“Tendo tido conhecimento dessa sentença no dia 30 de Dezembro de 2020 de manhã, o arguido formulou, nesse momento, o propósito de tirar a vida à ofendida Maria Teresa”, refere a acusação. Assim, pelas 19h30, após deixar o filho nos treinos de futebol, Abel dirigiu-se ao apartamentos das Romeiras e iniciou uma discussão com a mulher, tendo depois pegado numa faca de cozinha, que empunhou.
A vítima ainda pediu ajuda, suplicou e tentou defender-se mas acabou por sofrer cinco golpes profundos no tórax e abdómen.
Ao escutarem os gritos desesperados da mulher, os vizinhos acorreram logo ao apartamento, mas o agressor só lhes abriu a porta após deixar a ofendida estendida no chão da sala. A vítima foi transportada ao Hospital Dr. Nélio Mendonça, onde veio a falecer na manhã do dia seguinte.
O arguido foi impedido de fugir pelos vizinhos no dia da agressão, vindo depois a ser detido pela PSP. Desde então encontra-se em prisão preventiva na Cancela.