BE critica "pingue-pongue de desresponsabilização" entre a Madeira e a República
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu hoje mais financiamento para a Universidade da Madeira (UMa) e criticou o "constante pingue-pongue de desresponsabilização" entre os governos da região e da República.
"Estamos muito interessados em que haja uma nova fórmula, uma nova maneira de olhar para a Universidade da Madeira que garanta mais financiamento", disse, indicando que essa majoração deve contemplar três objetivos: melhor funcionamento, mais capacidade de investigação e crescimento ao nível do ensino.
Catarina Martins falava aos jornalistas após uma reunião com o Reitor da Universidade da Madeira, Sílvio Fernandes, no Funchal, na sequência de uma visita de poucas horas à região autónoma.
"A Universidade da Madeira tem tido um estrangulamento, porque a forma como é decidido o financiamento não tem em conta a situação ultraperiférica da Madeira", declarou, lembrando que, ao contrário do que acontece com a congénere açoriana, a UMa não beneficia de que qualquer majoração ao nível do Orçamento do Estado.
A coordenadora do BE defende a alteração da fórmula de financiamento da universidade e também da Lei das Finanças Regionais, de modo a garantir que as transferências do Orçamento do Estado para a região nunca sejam inferiores ao do ano anterior.
"Como é que uma região pode recuperar de uma crise económica se acaba por ter menos transferências por causa da crise económica que está a viver?", questionou, referindo-se à redução de 15% prevista para 2022.
E reforçou: "Isto é um absurdo que acrescenta crise à crise."
"Desse ponto de vista, não é o Bloco de Esquerda que tem faltado às propostas, nem à da universidade, nem à lei de financiamento regional e, seguramente, também não à concretização do financiamento a 50% do novo hospital", disse.
Catarina Martins considera, no entanto, que as relações entre o Estado e a região autónoma são marcadas por um "constante pingue-pongue de desresponsabilização" entre o Governo Regional (PSD/CDS-PP) e o Governo da República (PS), que "vai adiando investimentos".
"Por outro lado, também é verdade que o ministro das Finanças tem tido uma gaveta de vetos grande de mais, onde ficam muito dos investimentos [na Madeira] decididos em Orçamento do Estado", alertou.