Londres vê condenação de Suu Kyi como tentativa horrível de sufocar a oposição
O Governo britânico considerou hoje que a condenação da líder birmanesa Aung San Suu Kyi a quatro anos de prisão por incitamento contra a ordem pública é uma "tentativa terrível (...) de sufocar a oposição".
A líder da Liga Nacional para a Democracia, presa após o golpe de Estado militar de 01 de fevereiro, foi condenada hoje a uma pena de quatro anos de prisão por incitamento contra a ordem pública e violação das regras sanitárias contra a pandemia de covid-19.
"A condenação de Aung San Suu Kyi é mais uma tentativa terrível do regime militar de Myanmar (antiga Birmânia) de sufocar a oposição e suprimir a liberdade e a democracia. O Reino Unido apela ao regime para libertar os presos políticos e comprometer-se com o diálogo no sentido de permitir o regresso da democracia", refere um comunicado da chefe da diplomacia britânica, Liz Truss.
Aung San Suu Kyi, 76 anos, encontra-se sob regime de prisão domiciliária desde o golpe de Estado militar.
Julgada desde o passado mês de junho, Aung San Suu Kyi é acusada de vários crimes: importação ilegal de aparelhos de telecomunicações (walkie-talkies), sedição, corrupção e fraude eleitoral, entre outros.
Os membros da oposição e observadores internacionais denunciam tratar-se de um processo político para neutralizar a vencedora das eleições de 2015 e de 2020.
Hoje, a ex-chefe do Governo civil deposta em fevereiro, "foi condenada" (a quatro anos de prisão) disse à AFP Zaw Min Tun, porta-voz da Junta Militar.
O ex-chefe de Estado Win Myint foi condenado também a quatro anos de cadeia no mesmo julgamento.
"Eles são acusados em outros processos", sendo que vão manter-se em prisão domiciliária em Naypyidaw, capital administrativa do país, disse o mesmo porta-voz sem fornecer mais detalhes.
O próximo veredicto deve ser conhecido no próximo dia 14 de dezembro, por mais uma "infração à lei de catástrofes naturais".
Os jornalistas foram impedidos de acompanhar as sessões em tribunal e os advogados de defesa foram proibidos de qualquer contacto com a imprensa.
De acordo com uma organização de defesa de direitos humanos local, em contacto com a Amnistia Internacional, pelo menos 1.300 pessoas foram mortas e 10.000 foram presas pelo regime militar no poder na sequência do golpe de Estado.