Crónicas

O tempo passa e o que sobra?

Um livro não pode ser reescrito por outro que não o autor. Um filme original é uma obra completa que não desaparece com remakes modernos. Mas uma canção facilmente fica órfã de pai e mãe sobretudo se estes forem menos (re) conhecidos que os “pais adoptivos”. O mundo da música é um lugar onde convivem originais, covers, versões, adaptações, etc. São muitos os standards do jazz e não menos incontáveis as inúmeras versões de cada um deles.

Cresci a admirar a voz da Diana Basto, cantora porventura desconhecida para muitos, sobretudo os mais novos e que em 1998 lançou o seu álbum “Amanhecer”. Passados mais de 20 anos surgiu agora uma nova versão do single “Liberdade”, na voz da Rita Guerra para o genérico de uma novela. Esta canção nunca vai ser da Diana Basto para muitos que a descobrem agora. A Diana Basto vai ser sempre desconhecida para esses e tantos outros.

Este exemplo espelha o que o tempo faz à nossa passagem por aqui. Outrora todos fomos como a Diana Basto, com algo para mostrar, obra do nosso trabalho, fruto do nosso sacrifício. Mas como o mar com as pegadas na areia, o tempo passa e o que sobra?