O primeiro dia do resto das nossas vidas
Foram assassinadas três mulheres e uma criança em 2021, na Região
Hoje inicia-se mais um ano. Podemos dizer que é o primeiro dia do resto das nossas vidas, como diz a canção do Sérgio Godinho. De ontem veio connosco uma pandemia, que não nos larga há quase dois anos. Temos cada vez mais pessoas infectadas com a doença, mas quem nos governa não toma medidas excecionais para que a mesma não se propague por toda a população. As declarações públicas de responsáveis pela saúde, de todos nós, é que quanto mais infectados mais nos vamos proteger. Vão morrer mais umas pessoas. Outras vão sentir a doença com gravidade. Mas o que é isso perante a maioria que, com um simples teste, pode se divertir à vontade e manter a economia a funcionar com os lucros do costume. Temos dúvidas. Quem as tem que fique em casa e não atrapalhe. Essa é a pior sensação de impotência que podemos sentir. Não sabemos o que nos vai acontecer! Esta é a verdade nua e crua que temos na entrada neste novo ano.
Entretanto, surgem os estudos que nos consideram a Região com o mais alto nível de pobreza no País. Não ouvimos uma única palavra dos responsáveis políticos sobre esses números, o que quer dizer que são verdadeiros. As razões desta pobreza são o desemprego, mesmo nas camadas mais jovens. A precariedade no trabalho, onde a maioria do sector privado contrata os/as trabalhadores/as a prazo e com os salários mais baixos, em termos de média nacional. Somos pobres por falta de consideração por quem trabalha. Se a economia funciona bem, devia reflectir-se no bem-estar dos/as trabalhadores/as, mas não é isso que está a acontecer. Algo falha, porque predomina o lucro acima de tudo, sempre para os mesmos do costume. Medidas concretas para inverter esta situação? Não conhecemos nem foram anunciadas.
Foram assassinadas três mulheres e uma criança em 2021, na Região, duas delas e a criança em contexto de violência doméstica. Mortas de forma bárbara e horripilante. Depois de desmentidos, e tentativas de proteção e branqueamento das entidades responsáveis, que deixam que estas coisas terríveis aconteçam, vieram, finalmente, a público, declarações da família, a dar razão ao que eu já tinha dito na altura dos dois últimos assassinatos na Ajuda. Lamentavelmente, as mulheres e crianças vítimas de violência doméstica continuam a não ter segurança depois do crime ser denunciado. O agressor pode continuar a repetir as agressões até o tribunal se designar julgá-lo, o que pode levar anos de sofrimento e terror. Algo está a falhar em termos de justiça, que precisa urgentemente de ser mudado e a lei devia clarificar que, em caso flagrante de violência doméstica, o agressor é que devia ser afastado de casa. Medidas concretas para prevenir estas situações? Até agora não se ouviu nada!
Temos eleições para a Assembleia da República a 30 deste mês. Vamos eleger os Deputados e as Deputadas da Nação. São estas as pessoas que vão decidir sobre as nossas vidas. É muito importante saber utilizar o poder do nosso voto para exercer o nosso dever cívico. Saibamos escolher de acordo com as nossas convicções as melhores pessoas para nos representarem. Só para que não fiquem dúvidas eu vou votar no partido que mais tem defendido os meus interesses, enquanto cidadã e mulher de esquerda, consciente que no Parlamento Nacional precisamos de estar bem representadas/os. Bom Ano Novo.