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Abbas admite risco de "explosão" na Cisjordânia em conversa com Putin

Foto EPA
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As políticas israelitas correm o risco de levar a uma "explosão" na Cisjordânia ocupada, cenário recorrente de confrontos, disse hoje o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, em conversa telefónica com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin.

Abbas falou com Putin, menos de dois dias depois de se encontrar com o ministro da Defesa israelita, Benny Gantz, na casa deste último, a primeira visita oficial do Presidente palestiniano a Israel.

A reunião entre Abbas e Gantz foi a "última oportunidade antes de uma explosão", comentou na rede social Twitter o ministro dos Assuntos Civis palestiniano, Hussein al-Sheikh, sem comentar sobre as causas e os efeitos dessa possível "explosão".

Na conversa com Vladimir Putin, cujo país é membro do Quarteto (juntamente com os Estados Unidos, a União Europeia e as Nações Unidas) para o Médio Oriente, Mahmud Abbas atribuiu a eventual "explosão" na Cisjordânia às políticas israelitas.

Abbas "sublinhou a importância de colocar um fim às práticas unilaterais de Israel em matéria de colonatos, confisco de terras, expulsão de palestinianos de Jerusalém oriental e terrorismo de colonos", considerando que "estas medidas israelitas vão levar a uma explosão da situação", indicou a agência oficial palestiniana Wafa.

No final da visita a Israel de Abbas, cuja liderança é contestada, o Ministério da Defesa israelita anunciou "medidas de confiança" para aliviar a situação económica da Autoridade Palestiniana e reduzir as tensões na Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.

"Esperamos que as medidas de confiança discutidas ajudem a criar uma dinâmica para promover a liberdade, segurança e prosperidade para palestinianos e israelitas em 2022", comentou o porta-voz diplomático dos Estados Unidos, Ned Price.

No entanto, Abbas disse a Putin que "as medidas económicas e de segurança não são um substituto para um processo político", afirmando que a liderança palestiniana vai ter de tomar "decisões-chave" no Conselho Central da Organização de Libertação da Palestina (OLP), agendado para os próximos meses.

O Escritório para a Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) registou 410 ataques de colonos israelitas contra palestinianos nos primeiros 10 meses de 2021, em comparação com 358 em todo o ano de 2020.

De acordo com o relatório anual do exército israelita, houve 100 ataques a israelitas na Cisjordânia ocupada em 2021, contra 60 no ano anterior, e 5.532 incidentes de lançamentos de pedras, contra 4.000 no ano anterior.

A ONU mostrou-se recentemente alarmada pela violência dos colonos e os apelos dos grupos palestinianos para aumentar os confrontos com Israel.