Madeira

Sem vergonha

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Boa noite!

“Nunca como hoje foi possível obter tantas conquistas para a Madeira”. A garantia foi dada, esta tarde, pelo deputado socialista Carlos Pereira, que é recandidato nas eleições de 30 de Janeiro.

Hoje mesmo, o Governo da República, à falsa fé, já sem o Parlamento a funcionar, decide suspender a lei actualizada em Julho de 2019, relativa ao modelo de atribuição de subsídio de mobilidade aos residentes na Madeira, justificando a decisão com dificuldades de aplicação, pelo que volta  a vigorar o modelo anterior, de 2015.

Extingue-se assim uma aparente “conquista”, pois na prática, os madeirenses que se desloquem de avião entre a Madeira e o continente ou os Açores continuam a ter de pagar a viagem por inteiro para depois serem ressarcidos pelo Estado através do subsídio social de mobilidade, quando o novo modelo previa que pagássemos apenas uma comparticipação fixa, sendo o restante valor pago diretamente pelo Estado às companhias.

Alegam os entendidos afectos ao PS que se a lei engavetada fosse regulamentada a easyJet deixava a rota da Madeira e a Ryanair nem entrava. Os contestatários do PSD juram que as duas companhias ficavam caso o governo arranjasse um instrumento financeiro a preceito, tal como a Região encontrou para o programa ‘Estudante Insular’.

Alegam os camaradas de António Costa que a lei aprovada por unanimidade, mas nunca regulamentada, caso não fosse anulada, acabavam-se os reembolsos já que os Correios ameaçavam parar pagamentos por não haver base legal. Os críticos social-democratas, também já em campanha, surfam a onda e detectam “incompetência socialista”, “desprezo” pelos madeirenses e desrespeito pela Região.

E andamos nisto, com culpados nos dois lados da barricada, num gozo político que, à vez, humilha o pobre contribuinte, o mesmo que se quiser viajar tem que emprestar uma pipa de massa ao Estado.

Em Outubro recomeçamos a contar os dias na esperança de um desfecho que honrasse o que havia sido decidido na casa da democracia. Hoje cai por terra este contador, mas sobe ao céu uma certeza: Não há vontade política dos governos para resolver o que é fácil, mantendo a sã concorrência, evitando o assalto aos nossos bolsos.

Se houvesse vergonha na cara, todos os que estão implicados neste processo deviam retirar-se da próxima disputa eleitoral. Mas como não há, vão pedir-lhe encarecida e delicadamente o voto, como se nada fosse. Poupem-nos a mais um exercício de hipocrisia e aguardem pela crueldade dos resultados.