O regresso às trevas
Eis-nos no fim de mais um ano que não deixará saudades. Despede-se de nós acumulando muitas dores, sofrimento e pobreza. É alarmante o aumento de pobres (86000 aprox.), de sem-abrigo, de jovens sem futuro promissor...Uma parte significativa dos nossos concidadãos em situação de pobreza são trabalhadores que saem para trabalhar, lutar pelo seu sustento e das suas famílias, mas os seus magros salários são deveras insuficientes para prover aos encargos a que todos têm direito-casa, alimentação, saúde e educação - para viver com um mínimo de dignidade. A incerteza dos tempos que se avizinham indicia ainda mais aumento da pobreza.
Não nos basta uma resposta imediata. Um subsídio aqui e ali, umas coisinhas, uma caridade assistencialista. É preciso encontrar uma estratégia de combate eficaz a este flagelo.
2021 - o ano do confinamento que nos roubou o Sol, o convívio social despreocupado, a proximidade dos amigos, colegas e conhecidos; que “à pala” da Covid fez levantar adamastores com medos irracionais e nos levou tantos dos nossos velhos.
Altitudes de políticos medíocres banalizaram a política e a tomada de decisões em bolha fizeram com que cidadãos se sentissem como “carneirada” que aceita tudo o que tais iluminados decidem. Ficámos com a sensação de estarmos a ser “domesticados”. Vivemos um ziguezague pandémico que gerou e gera muita desconfiança. Estamos embrulhados em testes, com restrições, procurando fintar a nova estirpe e a nossa vantagem vacinal (+85%) não parece oferecer grande resistência. Empanturram os noticiários e os jornais com vitórias de vão de escada e múltiplas campanhas pró-vacinação e, num estalar de dedos, passámos de libertados a oprimidos. Temos cada vez mais infectados e em isolamento profiláctico...
O vírus tem a capacidade de mutação e criação de novas variantes, dizem os entendidos na matéria. Temos de aprender a lidar com ele, pois tudo indica que continuará a andar por aí, mesmo depois desta pandemia acabar.
Nós, por cá, habituados que estamos a “mergulhar nas trevas“ no início de cada novo ano, fomos “brindados com dose dupla em 2021, que começou escuro e acabou mais negro ainda”.
Ninguém sabe o que vem por aí, mas espero que 2022 nos devolva a alegria de viver em liberdade, sem medos nem amarras físicas ou emocionais. Que a saúde ,a alegria e a paz estejam sempre presentes, na nossa vida, na nossa casa e na nossa comunidade.
Próspero Ano Novo.
Madalena Castro