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“Resiliência”!

Para quem desconhece o significado da palavra resiliência, ela representa um conceito originário da Física, referindo-se à propriedade dum material ou da matéria, a qual sujeita a uma deformação ou choque directo, sem existir rotura, ... e a sua capacidade em recuperar o estado ou a forma original. Esta palavra, agora utilizada - a torto e a direito - por quaisquer jovens , adultos ou idosos, tem uma reacção-efeito inovador, subtil e sofisticado ... dando a falsa ideia, de que a pessoa que a emprega, tem no seu currículo individual , mestrados, workshops ou cursos de literacia. E do ambiente da Física, onde estava instalada, passou para todo o lado e até chegou aos supermercados! Penso que ainda não testaram a resiliência dos novos champôs, ... à venda nas grandes superfícies? Até os “carecas” - absolutamente sem ofensa a ninguém em particular - que são as pessoas que não têm cabelo no alto da cabeça, mas têm aos lados, ... estão a utilizar estes novos produtos, um pouco antes da queda total, tentando manter aquela pilosidade que ainda resta. Tudo por causa da resiliência! Talvez não se recordem, quem utilizou pela primeira vez a palavra resiliência, com um destaque notável e mundial, ... o Presidente Barack Obama, no seu discurso de tomada de posse do segundo mandato, em 21 de Janeiro de 2013, salvo erro! E desde aí, a dimensão da sua utilização tomou estas proporções enormes, sendo usada para enriquecer qualquer conversa banal. Depois de descoberta e de seguida implementada a globalização desta simples palavra, começamos a perceber que ela afinal significa, um atributo, uma qualidade - se assim se pode dizer - para determinadas pessoas, quando fora do normal se posicionam. Lembro os casos, do Engenheiro Sócrates e da sua resiliência face ao seu processo judicial, resistindo heroicamente às inverdades, ás indecências e perseguições da comunicação social, ás faltas de “desintolerância” das leis portuguesas, ... do Presidente Ricardo Salgado, cuja resiliência perante as entrevistas em “cascata” dos meios de comunicação social, permitiu permanecer num silêncio escuro como as trevas e sepulcral como um cemitério. Também recordo o Super Ministro Eduardo Cabrita, que manteve uma resiliência a 200% durante vários anos, esquivando-se pela penumbra da fumaça nos incêndios de Pedrogão Grande, resistindo sem ficar surdo, aos gritos dilacerantes do ucraniano no aeroporto de Lisboa e agora, recentemente, esvaiu-se por entre o cheiro penetrante da borracha dos travões do seu BMW de serviço, onde era passageiro. Quem diria, a enorme “resiliência” que esta palavra transmite! Muito em cima da hora deste artigo ser confeccionado, lembro outro Presidente, João Rendeiro, outro magnífico exemplo de resiliência. Deixou Lisboa, deixou Portugal, deixou a sua esposa, deixou o seu excelente motorista privado, deixou o seu espólio em pinturas famosas, sem verter uma única lágrima, ... e, com uma verticalidade virtuosa e um arrojo exemplar, “caminhou” para terras longínquas, com uma mão no bolso direito e a outra no bolso esquerdo, .... com seis cartões em cada uma delas, ... valendo-lhe, sim, a sua tez serena e a sua resiliência espiritual.

Como podem observar, a língua portuguesa é muito rica, muito expressiva, muito versátil, diria até muito “changeable”, ... utilizando um francesismo. Apesar de ser tão rica - para usar só um adjectivo - mesmo assim, ninguém consegue perceber como foi possível, em todos estes casos de portugueses resilientes, todos eles sem excepção, serem capazes de provocar, tanto destroço económico, social e espalhar tanto stress e tanto pânico, na população portuguesa.

Esta palavra deve conter, seguramente, um componente viral dentro dela! Não sei que mais posso dizer sobre isto!

Cuidem-se, esquivem-se, controlem-se, ... e tenham um Bom Natal!

P.S. O PM elogiou esta semana a Polícia Judiciária Portuguesa no caso Rendeiro! E antes disso o que aconteceu ? Comentário evidente: - Quando se erra no nosso trabalho, alguém terá de vir, novamente, corrigir o que foi mal feito!