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Ilha cabo-verdiana do Sal volta a ter 'casa cheia' para a passagem de ano

Foto DR
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Os principais hotéis da ilha cabo-verdiana do Sal têm lotação praticamente esgotada para a passagem de ano, com o regresso de milhares de turistas após a ausência quase total em 2020, mas a afluência regista-se igualmente noutras ilhas.

Fonte do grupo hoteleiro espanhol RIU, o maior em Cabo Verde, com seis hotéis, disse à Lusa que a ocupação para o período da passagem de ano nas unidades no Sal é de 94%, enquanto na ilha da Boa Vista é de 55%.

"Estamos muito satisfeitos tendo em conta a situação atual", refere a mesma fonte, aludindo às consequências e restrições provocadas pela pandemia de covid-19 na procura turística.

O grupo espanhol conta na ilha do Sal com as unidades RIU Cabo Verde, RIU Funana e RIU Palace Santa Maria, e na ilha da Boa Vista o RIU Karamboa, o RIU Palace Boa Vista e o RIU Touareg, somando uma oferta que ascende a 4.479 quartos, todos já com a atividade totalmente recuperada.

"Embora seja verdade que a pandemia provocada pela covid-19 continua a afetar o setor turístico e a gerar incertezas nas operações e nas vendas, observamos que, salvo restrições de movimentação nos países de origem ou nos destinos, os nossos clientes continuam a confiar e a manter os seus planos de viagem aceitando as diferentes medidas de segurança impostas pelas autoridades sanitárias", acrescentou a mesma fonte do grupo RIU, que em Cabo Verde conta com praticamente 2.000 trabalhadores, todos vacinados contra o novo coronavírus.

Também o grupo português Oásis Atlântico tem já casa cheia para a passagem de ano nos hotéis Oásis Belo Horizonte e Oásis Salinas, na ilha do Sal, a mais turística de Cabo Verde.

"Estamos com os hotéis do Sal lotados para a passagem de ano. Cerca de 1.600 clientes", disse à Lusa o diretor-executivo do grupo Oásis Atlântico, Alexandre Abade.

Acrescentou tratar-se de uma ocupação "dentro do esperado", enquanto se aguarda o "impacto futuro" nas reservas face às medidas mais restritivas adotadas pela maioria dos países europeus para conter a pandemia de covid-19.

"Há uma grande vontade de viajar e de retomar uma certa normalidade, mas o levantamento de barreiras à circulação pode travar um pouco a procura. Vamos gerindo a situação com alguma cautela, monitorizando de perto o evoluir da situação", acrescentou.

Com mais de 700 trabalhadores, aquele grupo português opera ainda o hotel Praiamar, na ilha de Santiago, com 123 quartos e um dos mais procurados da capital, e o hotel Porto Grande, na ilha de São Vicente, com taxas de ocupação de respetivamente 50/60% e 70/80%.

"São números dentro das expectativas e ao nível de anos anteriores", afirmou Alexandre Abade.

Outra das unidades hoteleiras de referência da capital, o Hotel Trópico, do grupo português Pestana, já conta com 73 dos 93 quartos ocupados para este período, prevendo ainda uma festa de passagem de ano com música ao vivo, a decorrer das 21:00 às 01:00, mas com lotação máxima de 70 pessoas, devido às regras de controlo da pandemia, disse à Lusa fonte do hotel.

Na ilha do Sal, só no hotel RIU Palace Santa Maria, o mais recente e um dos maiores de Cabo Verde, com 1.001 quartos e inaugurado em plena pandemia de covid-19, este ano, são cerca de 1.900 turistas esperados para este período.

"Para o Natal e para o final do ano as previsões são para ter o hotel cheio. Neste caso são 1.900 clientes e a perspetiva é que fique assim pelo menos até janeiro. Atualmente trabalhamos a curto prazo, não podemos fazer muitos planos a longo prazo, mas até final de dezembro, e janeiro, estamos com uma muito boa perspetiva", disse anteriormente à Lusa o diretor do RIU Palace Santa Maria, Yeray Zurita López.

O turismo representa cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde, mas o setor esteve praticamente parado desde final de março de 2020, devido às restrições às viagens, impostas para conter a transmissão de covid-19, após o recorde histórico de 819 mil turistas em 2019.

Em todo o ano de 2020, o setor perdeu mais de 600 mil turistas, uma quebra superior a 70% face ao ano anterior.

Na previsão do Governo, Cabo Verde deverá receber este ano apenas cerca de 300 mil turistas -- 81.058 já contabilizados de janeiro a setembro -, recuando a números de 2005.

Os hotéis cabo-verdianos receberam mais de 47 mil hóspedes no terceiro trimestre do ano, o dobro face ao trimestre anterior e novamente com os provenientes de Portugal na liderança, divulgou este mês o Instituto Nacional de Estatística (INE) de Cabo Verde.

De acordo com o relatório sobre Movimentação de Hóspedes no terceiro trimestre do ano, do INE, os hotéis do arquipélago receberam neste período 47.398 hóspedes, que se somam aos 12.098 de janeiro a março e aos 21.562 de abril a junho.

O total de hóspedes no terceiro trimestre deste ano compara com os 3.701 no mesmo período de 2020, então fortemente marcado pelas restrições para conter a pandemia de covid-19 e com o país fechado a voos internacionais.

Desta forma, o número de hóspedes e de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros do país aumentaram no terceiro trimestre mais de 1.180% e 2.094%, respetivamente, face ao mesmo período de 2020. As dormidas passaram de 10.677 de julho a setembro do ano passado para 234.354 no mesmo período de 2021, enquanto a estadia média passou de 2,8 noites para 4,6 noites e a taxa de ocupação subiu de 5% para 28%.

No terceiro trimestre, Portugal continuou a ser o principal país de proveniência de turistas, com 28% do total de entradas, seguido da Alemanha (4%), França (3,8%) e Estados Unidos da América (3%).