Tribunal de Myanmar volta a adiar veredicto de ex-líder Aung San Suu Kyi
Um tribunal birmanês voltou hoje a adiar o veredito num dos julgamentos da ex-líder Aung San Suu Kyi, deposta no golpe militar de 01 de fevereiro.
O juiz, que já tinha adiado a sentença em 20 de dezembro, voltou a adiar a decisão sobre uma acusação ligada à posse sem licença de vários 'walkie-talkies' e de um bloqueador de sinal, de acordo com a agência de notícias espanhola EFE.
Neste julgamento, Suu Kyi, já declarada culpada em dois delitos, enfrenta ainda a acusação de violação da lei das telecomunicações, punível com pena até um ano de prisão, e da Lei de Exportação e Importação, punível com até três anos.
A Prémio Nobel da Paz foi condenada em 06 de dezembro a quatro anos de prisão, reduzidos a dois anos pela junta militar algumas horas mais tarde, sob a acusação de incitar à rebelião contra o exército e de violar as regras de prevenção da covid-19.
A sentença impede Suu Kyi de se candidatar a uma hipotética eleição, caso os militares mantenham a promessa de realizar um escrutínio em 2023.
Depois de ter sido detida no dia do golpe, a líder eleita passou vários meses em prisão domiciliária na sua residência oficial, na capital, e foi mais tarde transferida para um local não revelado, de acordo com os seus advogados.
Além disso, Suu Kyi, de 76 anos, é acusada também dos crimes de violação da lei do segredo e de corrupção, entre outros, que implicam penas de 14 e 15 anos de prisão, respetivamente.
Quase 11 meses depois do golpe, a junta ainda não controla totalmente o país, onde já morreram pelo menos 1.375 pessoas em confrontos entre a oposição e os militares, de acordo com uma organização não governamental birmanesa.
A junta justificou o golpe com uma alegada fraude nas eleições de novembro de 2020, ganhas pelo partido de Suu Kyi, tal como em 2015, e consideradas legítimas pelos observadores internacionais.