Presidente da Ucrânia convocado pelo Supremo tribunal após queixa do seu antecessor
O Supremo tribunal ucraniano anunciou ontem a convocação do Presidente Volodymyr Zelenski após uma queixa do seu antecessor e rival Petro Poroshenko, que o acusa de "inação ilegal".
Zelenski será convocado para uma audiência em 28 de fevereiro, precisou à agência noticiosa AFP a porta-voz do tribunal, Maria Chvenko.
Segundo indicou, esta convocação relaciona-se com uma queixa apresentada em agosto pelo ex-Presidente e relacionada com uma entrevista do chefe de Estado na qual acusou Poroshenko de estar envolvido em atividades comerciais com os separatistas pró-russos do leste do país.
Poroshenko, que se encontra na Polónia e hoje não compareceu a uma convocatória do tribunal, acusa Zelenski de não ter apresentado provas destas acusações e pede ao Tribunal que obrigue o Presidente a divulgá-las publicamente, de acordo com uma decisão judicial intermédia e publicada no registo oficial.
Poroshenko, 56 anos, chefe de Estado entre 2014 e 2019 e atualmente deputado, já foi citado como suspeito em diversos inquéritos sobre corrupção, e que seus apoiantes consideram estarem imbuídos de motivações políticas.
Na segunda-feira, as autoridades anunciaram que é suspeito de "alta traição" por ter facilitado, entre 2014 e 2015, a venda de carvão a empresas ucranianas situadas nas zonas separatistas em guerra com Kiev, por cerca de 48 milhões de euros.
O conflito armado com os separatistas, que segundo Kiev e o ocidente são apoiados militarmente por Moscovo, provocou mais de 13.000 mortos desde 2014 e qualquer tentativa de cooperação com os rebeldes é rejeitada por parte considerável da população ucraniana.
Derrotado por Volodymyr Zelenski nas presidenciais de 2019, Petro Poroshenko, que parece empenhado em garantir uma desforra nas próximas eleições, afirmou na terça-feira numa mensagem vídeo que os novos processos que lhe foram movidos são orquestrados pelo seu sucessor e "relacionados com a sua queda de popularidade".