Azeite e Água
O DN de Lisboa entrevistou jovens militantes do PCP para conhecer as razões da sua adesão ao partido. A maioria das respostas foram conforme a doutrina do partido considerando que os militantes do PCP são os únicos que defendem os trabalhadores e a liberdade, enquanto os militantes de outros partidos só querem saber da “caça aos tachos”. Houve uma resposta interessante de uma jovem militante ao afirmar que se filiou no PCP porque os avós, comunistas da velha guarda, lhe contavam as histórias da clandestinidade, das perseguições e prisões arbitrárias da ditadura do Estado Novo (EN), convencendo-a de que como comunistas “fizeram tudo em nome da liberdade e daquilo que somos hoje, do que eu posso ser hoje”. Aqui começam os equívocos. A ditadura do EN como qualquer ditadura violava a liberdade, impunha a censura aos meios de comunicação, perseguia, prendia e matava os seus opositores políticos fossem ou não do PCP. Impossível acreditar que a luta do PCP contra a ditadura do EN era “em nome da liberdade” quando o PCP era ajudado e seguia os ditames políticos e doutrinários da ditadura comunista da ex-União Soviética (US) uma das ditaduras que mais crimes contra a humanidade praticou, sendo responsável pelo extermínio de milhões de opositores políticos e suas famílias.
O PCP nunca condenou politicamente o regime ditatorial da US nem os seus crimes contra a humanidade, do mesmo modo que continua a não condenar as ditaduras comunistas que ainda subsistem violando a liberdade e desprezando a democracia. Quem devolveu a liberdade e a democracia aos portugueses foram os militares de Abril. É bizarro que alguém nos dias de hoje não tenha ainda a noção que os regimes comunistas em todos os países onde se impuseram governaram sempre através da opressão das ditaduras e nunca em liberdade e democracia. O comunismo está para a democracia como o azeite está para a água, por mais que se misturem acabam sempre separados e a democracia fica sempre por baixo.
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