Albuquerque não acredita na reestruturação da TAP e alerta para preço a cobrar aos portugueses
O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, disse hoje não acreditar no plano de restruturação da TAP, que classifica como um "desastre", afirmando que a operação vai custar pelo menos 350 euros a cada português.
"Se, pelas minhas contas, vão meter 3.500 milhões de euros na TAP, significa que cada português vai meter 350 euros na TAP e o mínimo que a TAP pode fazer, já que a opção é essa, é pelo menos praticar preços na Madeira que não sejam astronómicos, como tem acontecido", disse.
Em declarações à agência Lusa, no Funchal, Miguel Albuquerque, que lidera o Governo Regional de coligação PSD/CDS-PP, considerou que a solução certa para a companhia seria fechar e voltar a abrir com uma nova estrutura.
"Não acredito nesse plano de reestruturação", declarou, acrescentando: "A melhor coisa do plano de reestruturação é deixar as 'slots' para as outras companhias, designadamente para a easyJet e para a Ryanair, porque o que a TAP precisa é de concorrência e precisa de se restruturar no sentido de ter preços baixos".
E reforçou: "Não é aceitável que, em território nacional, uma companhia que é financiada [pelos portugueses] -- e penso que no futuro vai continuar a ser financiada até o Estado deixar de ter dinheiro -- pratique preços vergonhosos numa rota em território nacional".
O preço dos bilhetes na TAP para viagens de ida e volta entre a Madeira e o continente chega a atingir 1.000 euros em épocas altas, como no Natal e fim de ano, situação que tem motivado repetidas críticas por parte das autoridades regionais.
"Para mim, o plano é um desastre", disse Miguel Albuquerque.
Na terça-feira, a Comissão Europeia aprovou o plano de reestruturação da TAP e a ajuda estatal de 2.550 milhões de euros, impondo, porém, algumas condições, entre elas que a companhia aérea disponibilize até 18 'slots' por dia no aeroporto de Lisboa.
O plano "estabelece um pacote de medidas para racionalizar as operações da TAP e reduzir os custos", nomeadamente a divisão de atividades entre, por um lado as da TAP Air Portugal e da Portugalia (que serão apoiadas e reestruturadas), e por outro a alienação de "ativos não essenciais" como filiais em atividades adjacentes de manutenção (no Brasil) e restauração e assistência em terra (que é prestada pela Groundforce)".
Além disso, a TAP ficará "proibida de quaisquer aquisições" e reduzirá a sua frota "até ao final do plano de reestruturação, racionalizando a sua rede e ajustando-se às últimas previsões que estimam que a procura não irá aumentar antes de 2023 devido à pandemia", ressalva a instituição.
O Governo entregou à Comissão Europeia, há um ano, o plano de reestruturação da TAP, tendo, entretanto, implementado medidas como a redução de trabalhadores.