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Cientista Jorge Paiva alerta em postal de Natal que o homem é espécie vulnerável

Fotografia da capa do livro Natal Verde - 30 anos de postais de Jorge Paiva
Fotografia da capa do livro Natal Verde - 30 anos de postais de Jorge Paiva

O cientista Jorge Paiva alertou hoje, num postal de boas festas de Natal e Ano Novo, que o homem é também "uma espécie vulnerável" e continua com a sua ação a agravar os problemas do aquecimento global.

"As florestas tropicais continuam a ser derrubadas a um ritmo alucinante e drástico", afirma o professor reformado da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra na habitual mensagem ambientalista que há décadas envia nesta altura do ano a diversas entidades, incluindo a agência Lusa.

Na sua opinião, "o derrube desenfreado das florestas é uma das ações antrópicas que contribui" para o aquecimento do planeta.

"Algumas das consequências são já presentes, como (...) ter chovido no dia 14 de agosto deste ano no topo do Gunnbjorn Fjeld da Gronelândia [com 3.694 metros de altitude], onde nunca tinha chovido, pois ali apenas neva", exemplifica.

Citando dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Jorge Paiva, de 88 anos, adianta que uma área média de 13 milhões de hectares de florestas tropicais por ano foi destruída na primeira década deste século.

"Se nada for feito, a desertificação aumentará drasticamente. Os ciclones aumentarão em número e violência e os incêndios florestais serão mais devastadores", adverte Jorge Paiva.

Para o ativista, há de chegar "o momento em que não haverá para onde emigrar".

"Vivemos numa enorme gaiola e não há planeta próximo [da Terra] com condições para a vida humana. Atualmente, somos já uma espécie vulnerável", sublinha.

Com quatro páginas, o postal colorido de boas festas do botânico, nascido em Angola em 1933, é dedicado a "duas espécies vulneráveis": o pau-brasil ("Paubrasilia echinata"), que integra a Mata Atlântica do Brasil, Argentina e Paraguai, e o homem ("Homo sapiens").

"Façamos votos para que a época festiva do final do ano ilumine a consciência de todos para que não se continue a destruir e poluir o planeta onde vivemos", defende.

À semelhança de anos anteriores, o biólogo de Coimbra concebe a saudação natalícia em português e inglês, enviando-a a centenas de cientistas, jornalistas, amigos, universidades e outras instituições públicas e privadas, nacionais e de outros países em todos os continentes.