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Regime talibã considera "bom passo" possibilidade de ajuda dos EUA e ONU

Foto EPA/STRINGER
Foto EPA/STRINGER

O regime talibã afirmou hoje que a exceção sobre o envio da ajuda humanitária ao Afeganistão anunciada pelas Nações Unidas (ONU) e pelos Estados Unidos é "um bom passo" numa altura em que o país enfrenta uma crise humanitária.

"Trata-se de uma boa medida, porque o povo afegão sofreu uma guerra de quatro décadas, enfrentou secas e crises económicas. Assim, o Emirado Islâmico [autodenominação do Governo interino] aprecia a decisão do Comité de Segurança da ONU", disse à agência de notícias espanhola Efe o porta-voz adjunto dos talibãs Bilal Karimi.

Enamullah Samangani, igualmente porta-voz talibã, disse à Efe que a ajuda humanitária deveria ser repartida em "estreita coordenação" com Cabul.

"Se a entrega da ajuda se fizer em estreita coordenação com o Emirado Islâmico, [o processo] seria mais eficiente e efetivo", disse Samangani. 

O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou na quarta-feira uma resolução que estabelece uma "exceção" tendo em vista a assistência humanitária ao Afeganistão, país alvo de sanções desde a tomada do poder pelos talibãs no passado dia 15 de agosto.

Após a resolução, as autoridades norte-americanas anunciaram um mecanismo para que a ajuda humanitária enviada pelos governos e organizações possa tornear as sanções, permitindo que os fundos dos Estados Unidos, das Nações Unidas e de organizações não-governamentais cheguem à população.

A Casa Branca disse que o mecanismo vai ser supervisionado pelas autoridades norte-americanas para evitar o financiamento direto ao regime talibã no poder.

O Afeganistão enfrenta uma grave crise económica e humanitária que começou a atingir níveis sem precedentes após a reconquista do poder pelos talibãs e que é reflexo das sanções económicas internacionais, nomeadamente dos Estados Unidos, que impedem o Emirado Islâmico de aceder ao sistema financeiro internacional. 

Os talibãs pediram várias vezes para que seja autorizado o movimento de 10 mil milhões de dólares em ativos financeiros do Estado afegão atualmente retidos pela Reserva Federal dos Estados Unidos, para "aliviar" a crise humanitária no país.