Brutal, satânica, repudiável violência doméstica

Mais duas vítimas ceifadas precocemente à vida, fruto de violência doméstica em contexto familiar. Mais duas vítimas a acrescentar à trágica estatística que a todos nós deveria envergonhar, muito para além de nos fazer estremecer e entristecer só quando acontecem estes hediondos crimes. Às vezes está mesmo ao nosso lado e fingimos não ver.

"Só quem está no convento é que sabe o que vai lá dentro ", daí que não nos cabe fazer juízos de valor nem especular no caso em particular. Todavia, invariavelmente, os protagonistas costumam emitir sinais que denotam alguma gravidade, indicadores mais ou menos perceptíveis da eminência de possíveis

desfechos trágicos. São, porventura, desvalorizados, considerados irrelevantes e não levados em conta para uma averiguação dos factos. Quantas mortes teriam sido evitadas com um pouco mais de rigor e diligências oportunas?

Estes crimes chocam-nos sempre porque as vítimas são assassinadas por quem deveria amá-las, quer sejam pais e filhos, maridos ou esposas.

Qualquer tipo de violência é condenável e nenhum de nós deve ficar indiferente perante este "cancro" que corrói a nossa sociedade, transversalmente.

É abominável a violência doméstica exercida em alguns lares de idosos, indefesos física e verbalmente. Desde os maus-tratos físicos, negligência em cuidados de saúde e alimentação, até formas de coacção tudo acontece, sob o olhar e conivência de quem deveria impedi-los e denunciá-los.

É violência oferecer uma alimentação desequilibrada por razões economicistas. É violência descurar os cuidados de saúde levando doentes a situações extremas, como a putrefacção de algumas partes do corpo. É violência quando se administra doses elevadas de sedativos para que os "velhos" se mantenham calmos e não dêem muito trabalho. É violência coagir, sob ameaça, um utente a deixar os seus bem por herança ao lar onde reside...

Tudo isto existe. Quem é que nunca ouviu falar destas situações? É preciso e urgente que quem tem a tutela destas Instituições, privadas ou públicas, aja com celeridade inspeccionando regularmente, de preferência sem aviso prévio, com rigor e seriedade, por forma a que se ponha cobro a estes abusos, puníveis por lei.

Hoje são eles os "velhos". Um dia, quem sabe, seremos nós.

Não, à violência. Qualquer que ela seja!

Madalena Castro