Putin promete resposta "militar e técnica" em caso de ameaças ocidentais
O Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu hoje uma resposta "militar e técnica" caso os seus rivais ocidentais não ponham termo à sua política que considera ameaçadora para a Rússia, num contexto de crescentes tensões em torno da Ucrânia.
"Caso se mantenha a linha claramente agressiva dos nossos colegas ocidentais, vamos adotar medidas militares e técnicas adequadas de represálias, reagir firmemente às ações hostis (...). Temos perfeitamente esse direito", declarou no decurso de uma intervenção perante responsáveis militares russos e do Ministério da Defesa.
No mesmo encontro, o responsável pela Defesa, Serguei Shoygu, asseverou que a capacidade combativa das Forças Armadas da Rússia foi reforçada em 21,8% no corrente ano, após alertar para os perigos de aproximação da NATO às fronteiras russas, uma preocupação também assinalada por Putin.
"O reforço nas fronteiras russas de agrupamentos militares significativos dos Estados Unidos e da NATO constitui uma fonte de séria preocupação", assinalou, num momento em que os ocidentais acusam Moscovo de ter concentrado dezenas de milhares de tropas perto da fronteira com a Ucrânia em preparação de uma ofensiva, desmentida pelo Kremlin.
O ministro da Defesa russo assegurou ainda que as Forças Armadas do país cumpriram "todas as tarefas" delineadas para 2021. "A sua capacidade de combate aumentou em 12,8%. Isso garante o nível indicado de capacidade defensiva do país", afirmou Serguei Shoygu durante o encontro, transmitido em direto pela televisão estatal.
Segundo o ministro, a situação político-militar a nível mundial continua a degradar-se e "aumentam as tensões nas fronteiras ocidentais e orientais da Rússia".
"Os Estados Unidos reforçam a sua presença militar junto às fronteiras russas. Nos países da Europa de leste estão estacionados cerca de 8.000 militares em unidades norte-americanas", assinalou.
Alertou ainda que as tropas dos EUA restabeleceram na Alemanha um centro de comando, que antes de 1991 era responsável pela utilização de mísseis de alcance intermédio.
Shoygu denunciou ainda o incremento de manobras dos EUA e da NATO nas proximidades da Rússia, com a utilização de aviação estratégica, que pratica "lançamentos virtuais de mísseis nucleares contra os nossos objetivos".
"A quantidade destes voos junto às fronteiras russas aumentou para o dobro", frisou, ao assinalar que estes exercícios também preveem o envolvimento de países não pertencentes à NATO, como a Geórgia, Moldávia e Ucrânia.
O ministro da Defesa também recordou que os Estados Unidos continuam a instalar sistemas de defesa antimíssil na região do Pacífico, numa ameaça suplementar às fronteiras orientais da Rússia.
Nesse sentido, assinalou que o Exército russo recebeu mais de 5.000 unidades de novos tipos de armamento, estando previstos mais equipamentos para 2022.
"O rearmamento do Exército e da Marinha, além das reparações planificadas, permitem manter a funcionalidade do equipamento militar em 95%", declarou.
No decurso da reunião, e perante um contexto de tensão com o ocidente, o Presidente russo sublinhou de novo a necessidade de os Estados Unidos e a NATO fornecerem garantias de segurança à Rússia, através da assinatura de tratados que previnam um futuro alargamento da Aliança Atlântica em direção a leste, em particular à Ucrânia e Geórgia.
Esta reivindicação já foi transmitida por Putin ao Presidente norte-americano, Joe Biden, durante uma conversação por videoconferência no início de dezembro, antes de divulgar na semana passada dois projetos de tratados nesse sentido.
No entanto, segundo Putin, a eventual concordância do Ocidente sobre estas propostas poderá ser insuficiente.
O líder do Kremlin acusou os Estados Unidos de abandonarem, quando lhes convém, os tratados que previamente assinaram, e de violarem o Direito Internacional quando exigem a outros que o respeitem.
"Chegam deste género de manipulações", frisou Putin.