Em 2021 o melhor presente de Natal pode ser protegermo-nos!
Já nesta coluna de opinião falei de externalidades que relembro o que significam: “atividades que afetam positivamente terceiros sem que estes tenham de pagar ou sejam indemnizados por essas atividades” (Samuelson e Nordhaus). Estas atividades são decididas por agentes económicos que não têm em consideração o aumento ou a diminuição de bem-estar que infligem aos outros que não participam na decisão.
Se o leitor tiver curiosidade de procurar, na internet, um caso de externalidade positiva, pode ser que o exemplo que lhe chame a atenção seja o apresentado na Wikipédia: “Um indivíduo que recebe uma vacina para uma doença transmissível não apenas diminui a probabilidade de infeção do próprio indivíduo, mas também diminui a probabilidade de outras pessoas serem infetadas por meio do contato com o indivíduo.”, ou seja, um indivíduo ao receber uma vacina não só está a proteger-se contra a doença, como protege os outros pois como não é infetado, não irá infetá-los.
Quando existem externalidades o mercado não funciona, sendo que o Estado deve intervir. Assim, o Estado distribui de modo gratuito as vacinas, incentivando, deste modo, que os indivíduos se vacinem. Estou certo de que, se as pessoas tivessem que pagar as vacinas (solução de mercado), muitos dos que se encontram vacinados não estariam.
Em casos extremos o Estado pode obrigar as pessoas a se vacinarem, veja-se o plano nacional de vacinação: “À nascença: 1ª dose da vacina contra a hepatite B (VHB); aos 2 meses de idade: 1) vacina hexavalente DTPaHibVIPVHB; 2) 1ª dose contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTPa); 3) 1ª dose contra doença invasiva por Haemophilus influenzae tipo b (Hib); 4) 1ª dose contra a poliomielite (VIP); 5) 2ª dose da vacina contra a hepatite B (VHB); 6) 1ª dose da vacina conjugada contra infeções por Streptococcus pneumoniae de 13 serotipos (Pn13); 7) 1ª dose da vacina contra Neisseria meningitidis B (MenB 1)…” e vai continuando ao longo da vida… e talvez um dia venha a incluir a vacina contra o COVID19.
No caso do COVID19 não só a vacinação tem externalidades positivas como outras medidas recomendadas como o uso da máscara, a higienização das mãos, o distanciamento social e a testagem. Todas estas medidas trazem benefícios para o próprio porque diminuem a probabilidade de se infetarem como trazem benefícios para os outros que diminuem a probabilidade de serem infetados. Claro que estas medidas têm custos para os indivíduos, porque se não os tivessem todas as pessoas as cumpririam, relembro aqui alguns: a máscara dificulta a respiração, a higienização seca a pele das mãos, o distanciamento faz com que não possamos estar livremente com os amigos e a testagem não é nada agradável quando nos enfiam algo pelo nariz, mas será que os benefícios não compensam os custos?
Nesta época do Natal vamos pensar mais nos outros e vamos ter em consideração o seu benefício de tomarmos as medidas de proteção que nos são aconselhados. Estou certo de que se todos o fizermos o Natal irá correr muito bem e 2022 será um ano melhor.
Votos de um Feliz Natal com proteção e de um Ótimo 2022.