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Fia-te na Virgem e não corras

Caro leitor, hoje fiquei na dúvida sobre que tema deveria trazer à nossa reflexão coletiva.

Poderia fazer uma análise à lista de candidatos do PSD-Madeira à Assembleia da República e sobre como o deputado que menos fez de todos os deputados da RAM na Assembleia da República foi promovido a cabeça de lista do PSD-Madeira. Poderia dissertar sobre a sua atuação enquanto Secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, nomeadamente sobre as trapalhadas das obras nas ribeiras do Funchal e o aumento dos muros de suporte que dificultam a condução nas áreas circundantes. Poderia questionar se a sua imagem dentro do partido foi a razão para estar em segundo plano na foto de apresentação dos candidatos. E, para o facto de que a 30 de janeiro, votar no PSD é votar no candidato Sérgio Marques. Mas, o assunto não é assim tão relevante para este mês de dezembro.

Também poderia questionar as medidas da Câmara Municipal do Funchal sobre a decisão de despedir alguns trabalhadores da Frente Mar em vésperas de Natal e, sobretudo, da promessa feita pelo atual Presidente da Câmara durante a sua campanha de que estava garantida a manutenção dos postos de trabalho. Poderia lembrar a trapalhada do PSD-Madeira na Assembleia Municipal no início deste ano, quando se pretendia resolver o problema da empresa Frente Mar e integrar todos os trabalhadores no Mapa de Pessoal da Câmara Municipal. Até podia lembrar que a empresa Frente Mar foi criada pelo PSD-Madeira. Podia também refletir sobre o jogo de ping pong entre o Governo Regional e a Câmara Municipal do Funchal sobre a realização ou não da Noite do Mercado. E mais importante que a Noite do Mercado, poderia questionar a Câmara Municipal do Funchal sobre como pretende dinamizar o Mercado dos Lavradores que definha a cada dia. O Mercado não é só feiras e exposições e vendas no rés-do-chão. Poderia, inclusive, questionar se as promessas feitas em campanha foram só engodo à procura de voto. E alertar as pessoas que devem ter muito cuidado naquilo que acreditam, pois, as palavras levam-nas ao vento. Quem foi enganado, não se deve deixar levar em jogos. Mais próximo das eleições haverá mais “migalhas”. Não fomentem um sistema montado para garantir eleições, onde todos nós somos peões num xadrez bem montado em que as “rainhas”, ou melhor dito, os verdadeiros “reis” do xadrez nem aparecem no tabuleiro.

Decidi escrever sobre um outro tema que considero mais importante para todos nós neste momento. Decidi apelar novamente à nossa responsabilidade coletiva e, sobretudo, fazer convosco uma reflexão sobre a atual situação epidemiológica na nossa Região.

Nesta última semana, vimos crescer o número de casos ativos na nossa Região para mais de 100 infetados por dia. Já em novembro alertava para o facto de que a situação iria piorar e que tínhamos de ser prudentes. Lamento dizer-vos, mas é, para mim, tão evidente que isto vai piorar que precisamos de estar alertas. Janeiro, será, infelizmente, na minha opinião, catastrófico.

Com o registo de 111 novos casos na passada 4.ª feira e com o registo de 103 novas infeções noticiadas na passada 6.ª feira, não podemos acreditar que tudo está controlado. Por muito menos, fez-se uma cerca sanitária, expulsaram-se turistas e fechou-se o aeroporto. Mas, esta 6.ª feira, o Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, garantia-nos que a situação na Madeira “está controlada”. Isto depois do Presidente do Governo, Miguel Albuquerque, também ter dito que a situação “estava controlada”. Acreditar nisto é acreditar no lobo mau do capuchino vermelho.

Se considerarmos as evidências científicas de que cada infetado pode infetar até 5 pessoas, vejam lá o perigo que estamos a correr nas próximas 2 semanas. Com a agravante de que nas próximas 2 semanas, estaremos a viver a Festa do Natal e do Fim-de-ano, que são festas muito vividas em família e, tradicionalmente, de muitos convívios.

Após todo este tempo de convivência com esta doença, há ainda muito por aprender. Apelo, por isso, que usem a vossa capacidade de raciocínio e de prudência para se protegerem e aos vossos familiares e amigos.

Nem a vacinação, nem a testagem vos impede de contrair a doença. Basta um momento de descuido. É tempo de cuidado acrescido.

Aconselho a testagem de todos os membros da família antes dos encontros familiares para evitarem contágios e para que possam ter acompanhamento médico o mais cedo possível. Está comprovado cientificamente que o uso da máscara protege em 85% a transmissão da doença. Usem-na. Por vezes, dou por mim a pensar que depois da vaga da vacinação, fomos invadidos por uma praga de papeira na cidade do Funchal. Ainda não percebi a lógica de andar com a máscara ao pescoço, cobrindo, eventualmente, a boca e com o nariz de fora.

Ponderem muito bem os vossos convívios. Priorizem os mais importantes e escolham bem os que irão participar. Ponderem muito bem a vossa ida à Noite do Mercado e eventos com muitas pessoas. Se forem, usem a máscara, desinfetem constantemente as mãos, evitem de levar as mãos à cara e meçam sempre o risco de apanhar o vírus a cada momento. Cuidado na hora de comer e beber. É como diz o provérbio popular, fia-te na Virgem e não corras e verás o que acontece. Não podemos apenas confiar na Proteção Divina. Ela existe, mas Deus alerta-nos para sermos prudentes.

Desejo a todos um Santo e Feliz Natal em família e muita saúde e trabalho para todos no próximo ano. Encontramo-nos em 2022.