Madeira

Madeira é a região com maior risco de pobreza

Apesar da diminuição de 2,1% em 2020

Foto Arquivo/Aspress
Foto Arquivo/Aspress

"Em 2020, considerando o limiar de pobreza nacional, o risco de pobreza aumentou em todas as regiões do Continente, principalmente nas regiões Norte (mais 3,0 p.p.), Centro (mais 3,3 p.p.) e Algarve (mais 3,9 p.p.), e diminuiu nas regiões autónomas (menos 6,6 p.p. na Região Autónoma dos Açores e menos 2,1 p.p.na Região Autónoma da Madeira)", diz hoje o INE, nos indicadores sobre 'Rendimento e Condições de Vida'.

Contudo, quando se vai analisar os dados em concreto, chega-se à conclusão que a RA Madeira é a região com maior percentagem de habitantes em risco de pobreza, mais precisamente quase um em cada quatro pessoas. Assim, 24,2% da população madeirense corria risco de pobreza no ano passado, contra 26,3% em 2019.

O facto de os Açores, historicamente a região que ocupava o último lugar neste indicador, ter passado de 28,5% para 21,9% da sua população em risco de pobreza, faz com que a Madeira passe para último lugar neste infeliz ranking. Logo a seguir vem o Algarve que, fruto do aumento significativo ultrapassou o Norte no 'pódio'.

"O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2021 sobre rendimentos do ano anterior, indica que 18,4% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2020, mais 2,2 pontos percentuais (p.p.) do que em 2019", conclui para o todo nacional. "A taxa de risco de pobreza correspondia, em 2020, à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos (por adulto equivalente) inferiores a 6.653 euros (554 euros por mês)", explica.

Aliás, reforça, "o crescimento do risco de pobreza foi mais severo no caso das mulheres (mais 2,5 p.p., de 16,7% em 2019 para 19,2% em 2020), em particular no caso das mulheres idosas (mais 3,0 p.p., de 19,5% para 22,5%)".

Voltando ao cálculo por regiões, diz o INE que "esta análise pode ser completada pelo cálculo de linhas de pobreza regionais". Ou seja, "em cada região NUTS II, a linha de pobreza regional corresponde à proporção de habitantes nessa região que vivem com rendimentos monetários disponíveis equivalentes inferiores a 60% da mediana da distribuição dos rendimentos monetários disponíveis equivalentes dessa mesma região".

Assim, nesse particular, a situação da Madeira melhora ligeiramente. "A utilização de linhas de pobreza regionais resulta no aumento do risco de pobreza para as regiões com rendimento mediano superior ao rendimento mediano nacional (19,1%, na Área Metropolitana de Lisboa) e na redução dos riscos de pobreza para as restantes (muito significativa, por exemplo, na Região Autónoma da Madeira, de 24,2%, com base na linha nacional, para 18,2%, com base na linha regional)", exemplifica.

Em 2020, "a leitura dos riscos de pobreza com base nos limiares de pobreza regionais permite uma aproximação significativa entre regiões, sendo possível distinguir três grupos: as regiões a norte do Tejo, com valores da ordem dos 19%; a região do Algarve e as regiões autónomas, com valores da ordem dos 18%; a região do Alentejo com 17%", especifica.

Por fim, "em 2020, a desigualdade aumentou em todas as regiões NUTS II, à exceção da Região Autónoma dos Açores. A região Centro foi aquela em que a desigualdade mais aumentou, de 30,0% em 2019 para 33,3% em 2020. As distribuições dos rendimentos nas regiões do Alentejo e do Algarve, e na Região Autónoma da Madeira, eram as menos desiguais em 2020", afiança.

Neste particular, a Madeira ficou mais desigual, embora tenha dado um salto residual de 30,8% para 31,1%, sendo a terceira região menos desigual e das que cresceram, a que evoluiu menos. Já agora os Açores ficaram menos desiguais, mas ainda assim com 33%, só ultrapassada pela região Centro (33,3%), que passou a ser a região mais desigual de Portugal.