Milhões de euros depois
Boa noite!
A 25 de Novembro último, a direcção do Clube Futebol União decidiu aguardar 15 dias para que aparecesse uma solução válida que permitisse a continuidade da instituição. O prazo chegou ao fim e nada.
O vazio não impede que haja muito por perceber.
Nos últimos 40 anos o União da bola recebeu 13 milhões em subsídios anuais, 17 milhões em contratos programa para a construção do seu complexo e acumulou 14 milhões de dívidas. Se a estes valores juntarmos os valores arrecadados com a venda de Ruben Micael, com os acordos relacionados com os direitos televisivos e com os prémios da Liga, contas feitas por alto apontam para o facto de cerca de 100 milhões de euros terem passado pelo clube nas últimas décadas.
Com uma agravante. O União não tem um único activo que lhe valha, a não ser as taças do Museu. Nem o chão do complexo do Vale Paraíso está registado e as benfeitorias não são válidas como activos do clube.
Tantos milhões de euros depois quem fiscalizou e encobriu este descalabro financeiro no União?
Onde andam os pseudo dirigentes e salvadores do União da bola? Nas meias-bolas?
Quem vai pagar o dolo acumulado?
Quem será responsabilizado por 40 anos de incumprimentos fiscais e à segurança social que rondam os 3,5 milhões de euros?
Como é possível haver um calote de 150 mil euros por saldar à Empresa de Electricidade?
Quem é que permitiu o desleixo e encobriu 40 anos de acumulação de dívida?
Quem foi cúmplice dos negócios feitos a coberto de dinheiros públicos e qual a responsabilidade de Jaime Ramos, de António Lopes e de Filipe Silva, entre outros destacados dirigentes unionistas, neste escândalo sem precedentes?
Que consequências têm os processos de gestão duvidosa como um que corre no MP relacionado com a venda de acções da SAD unionista, impressas em papéis amarelos e azuis, acções que valem menos do que o papel onde estão estampadas e a tinta da impressora?
Que fez o governo regional para controlar o que disponibilizou ao clube através de contratos-programa? Se nem os terrenos do Vale Paraíso registou, levando a que o União construísse naquilo que não era seu, que exemplo deu aos contribuintes?
Só agora, muitos milhões depois, é que o executivo assegura que não há nem mais um euro para o União? Temos pena, mas uma sociedade minimamente empenhada no combate à corrupção não tolera abusos deste calibre e impunidades ultrajantes. Logo, importa desencadear os mecanismos para que a culpa não volte a morrer solteira.
Basta consultar as certidões permanentes do Clube Futebol União e do Clube de Futebol União da Madeira Futebol SAD para se perceber que muitos daqueles que estão hoje na esfera do poder regional e que determinaram a morte do União, não só tiveram cargos importantes no universo do clube, como dele tiraram dividendos.
A minha parte está feita, por muito que a delinquência organizada deteste a verdade.