NATO rejeita pedidos da Rússia para renunciar à adesão de Kiev
A NATO rejeitou hoje os pedidos de Moscovo sobre a exigência de renunciar à adesão da Ucrânia e insistiu sobre a importância da sua parceria com Kiev.
"Não faremos qualquer compromisso sobre o direito da Ucrânia em escolher o seu próprio caminho, não faremos qualquer compromisso sobre o direito da NATO em proteger e defender todos os aliados e não faremos qualquer compromisso sobre o facto de a NATO manter uma parceria com a Ucrânia", afirmou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, após um encontro com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, na sede da organização em Bruxelas.
Em conferência de imprensa conjunta com o líder ucraniano, o chefe da NATO também considerou que "a acumulação [de forças militares russas junto à fronteira] não está a diminuir, pelo contrário prossegue, e não tem justificação. É provocadora, desestabilizadora e compromete a segurança da Europa".
"Desde 2014, desde o início da guerra, a Rússia impeliu a Ucrânia em direção à NATO e hoje está em vias de percorrer o difícil caminho da sua adesão", declarou, por sua vez, o Presidente ucraniano.
A Rússia tem sido acusada pelo Ocidente de preparar uma nova invasão da Ucrânia e de deslocar forças consideráveis para a sua fronteira comum.
Na quarta-feira, o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Riabkov, entregou à subsecretária de Estado para os Assuntos Europeus e Euro-Asiáticos dos Estados Unidos, Karen Donfried, os documentos nos quais a Rússia traça as garantias que pede ao Ocidente, em concreto um tratado ou um acordo que impeça a aproximação da NATO às suas fronteiras, e que também incluirá a renúncia ao envio de armamento ofensivo dos aliados ocidentais destinado a Kiev.
Donfried chegou hoje a Bruxelas para apresentar estas propostas à NATO durante uma reunião em Bruxelas com os embaixadores dos Estados-membros, indiciaram fontes diplomatas da Aliança citadas pela agência francesa noticiosa AFP.
A adesão foi prometida à Ucrânia e à Geórgia durante a cimeira da NATO de Bucareste em 2008, apesar das advertências de França e Alemanha.
No entanto, Stoltenberg recordou que a entrada de um novo membro tem de ser aprovada por unanimidade.
A NATO não interveio durante a operação militar da Rússia na Geórgia em 2008, nem no decurso da anexação da península da Crimeia em 2014.
O artigo 5.º do Tratado Atlântico Norte é apenas válido para os seus membros, e não para os parceiros "estratégicos".
Neste sentido, o Presidente Zelenski sublinhou que "caso o exército (ucraniano) falhar, isso terá consequências para todos os membros da NATO, porque a Ucrânia é um posto avançado".
Zelenski não omitiu a sua deceção após o seu encontro na quarta-feira com os dirigentes da União Europeia (UE), com 21 dos seus 27 Estados-membros incluídos na NATO.
"Muito dos dirigentes europeus não compreendem na generalidade o que se passa nas nossas fronteiras", lamentou, após ter exigido em vão a aplicação de sanções preventivas contra Moscovo.
Na sua reunião de hoje em Bruxelas, os dirigentes da UE vão discutir as diversas opções para reagir a uma eventual nova intervenção militar russa na Ucrânia, uma alegação desmentida por Moscovo.
Deverão ainda renovar as sanções económicas em vigor desde 2014.
"As sanções já estão em vigor e estamos prontos a juntar outras se necessário", disse, na quarta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.