Madeira

Lapinha do Caseiro é “projecto muito especial”, diz Eduardo Jesus

O secretário Regional de Turismo e Cultura esteve presente na inauguração das exposições, permanente e temporária, sob o tema ‘Musealização da Lapinha do Caseiro’, no Museu Etnográfico da Madeira

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A “Lapinha” de Francisco Ferreira, mais conhecido como o “Caseiro”, foi montada primeiro na sua casa, ao Caminho do Monte, n.º 62, onde chegou a ocupar dois quartos, e depois na capela anexa, que dedicou ao Menino Jesus e cuja edificação foi autorizada em 1918. Após a sua morte, em 1931, e até ao início da década de 70, salvo raras excepções, manteve-se aberta ao público durante o Natal. Um incêndio, ocorrido em Novembro de 1979, destruiu definitivamente a capela, salvando-se o presépio por se encontrar temporariamente recolhido no Museu de Arte Sacra do Funchal.

O conjunto transitou depois para a casa de familiares do autor até 2015, altura em que foi adquirido pela Secretaria Regional do Turismo e Cultura, para integrar o acervo do Museu Etnográfico da Madeira (MEM). Pretendeu-se, deste modo, garantir a integridade deste presépio, com cerca de 300 peças, proceder ao seu inventário, estudo, restauro e exposição, com o objectivo final de salvaguardar um património único e genuíno, devolvendo ao público uma memória que marcou sucessivas gerações de madeirenses.

Todo o processo de inventariação teve lugar na Casa-Museu Frederico de Freitas, entidade parceira do MEM neste projecto, que também orientou o longo e minucioso processo de restauro executado por Jelka Baras.

Para Eduardo Jesus este é um “projecto muito especial”, cuja importância estava plasmada na quantidade de pessoas que marcaram presença na sua inauguração, esta quarta-feira, no Museu Etnográfico da Madeira. “É um projecto importante porque não há madeirense que não viva A Festa, e a maior homenagem que podemos fazer ao Francisco Ferreira é estar a começar A Festa com uma evocação ao seu trabalho, à sua dedicação e, acima de tudo, ao seu legado, que é extraordinário”, afirma o governante.

O secretário Regional elogiou, também, o trabalho desenvolvido por Lídia Goes Ferreira e Margarida Camacho, responsáveis pelo projecto, que merecem todo o seu “respeito e gratidão”. Reforçou que “juntos fazemos sempre mais e melhor”, e que este trabalho em rede, neste caso entre o Museu Etnográfico da Madeira e a Casa-Museu Frederico de Freitas, é demonstrativo do que tem trabalho que tem sido desenvolvido pela Direcção Regional de Cultura.

Simultaneamente, foi planeada uma exposição temporária que teve dois objectivos concretos. Expor o conjunto das imagens religiosas que, não sendo parte integrante da “Lapinha”, coexistiam de forma harmoniosa na capela e apresentar ao público, através de uma mostra fotográfica, todo o processo de musealização, nas suas morosas e diferentes fases.

Baseado numa investigação efectuada junto de alguns familiares e em imagens do Museu de Fotografia da Madeira, em depósito no Arquivo e Biblioteca Pública da Madeira é, ainda, apresentado ao público um conjunto de fotografias, que pretende evocar a memória do espaço original desta “Lapinha”.

Também até ao dia 22 de Janeiro de 2022, o átrio do MEM recebe a exposição no âmbito do projecto ‘Reciclar n’a Festa’, iniciativa dos Serviços Educativos da instituição, iniciada em 2013, com o tema “Árvore de Natal” e que enveredou, nos últimos anos, pela temática dos presépios tradicionais madeirenses. Este ano o tema da mostra é “Presépios de caixa ou maquinetas”.

A actividade insere-se no âmbito do projecto “Museu Sustentável”, que tem como objectivo promover a consciência para os efeitos da actuação humana sobre o ambiente e destacar o papel dos museus no desenvolvimento de novos métodos de pensar e de agir, que garantam o respeito pelos limites e pela diversidade da natureza.