easyjet critica António Costa pelas multas às transportadoras com passageiros sem teste à Covid
“Há bastantes certificados falsos.” Director-geral da companhia defende modelo da Madeira em todo o País
O director-geral da easyjet em Portugal criticou, hoje, o Governo da República pelas multas que impõe às companhias aéreas, que desembarquem passageiros em Portugal sem o devido certificado de teste à Covid. José Lopes disse que o primeiro-ministro foi “mal informado” e que fez “declarações injustas e não correctas”.
O administrador da easyjet falava no ‘masterclass’ que a companhia promoveu, no Mercado dos Lavradores, no Funchal, intitulado Recuperação do Turismo, que serviu para a empresa apresentar resultados de 2021 e perspectivas para 2022.
easyJet transportou 5,7 milhões de passageiros para a Madeira
A easyJet cresceu neste ano 46%, face a 2019, na operação da Madeira. Ao longo dos anos, a companhia transportou 5,7 milhões de passageiros para a Região.
José Lopes estranhou ter sido o único representante de uma transportadora aérea em Portugal a se manifestar sobre o assunto, criticando o Governo por querer obrigar as empresas a substituírem o Estado no controlo de saúde.
Explicou o director-geral da companhia que é muito difícil controlar os certificados digitais. José Lopes diz que “há bastantes certificados falsos”, mas que a companhia não pode legalmente exigir cópia de qualquer certificado. Por isso, há passageiros a apresentarem certificados falsos à partida, mas quando chegam a Portugal, não os apresentam às autoridades, que podem verificar a falsificação, e declaram que não lhes foi solicitada a apresentação de qualquer certificado.
Em consequência disso, são elaborados autos, que são enviados à ANAC, para resultarem em multa (contra-ordenação). Ora, as companhias não têm como comprovar que o passageiro exibiu um certificado falso. Em alternativa, estão a solicitar aos operadores portuários locais que apresentem um documento a atestar que verificaram todos os passageiros e impediram o embarque a quem não apresentou certificado.
A indignação de José Lopes foi agravada pelo facto de as multas terem sido “multiplicadas por dez”. O director-geral da easyjet deu um exemplo. Se num voo existirem dez passageiros sem certificado válido (mesmo que tenham apresentado um – falso - à partida), a multa pode variar entre os 200 e os 400 mil euros. “Tem um impacto brutal”.
José Lopes revelou também que já há companhias estrangeiras, não se encontrando a easyjet entre elas, que escreveram ao Governo da República a dizer que “vão cancelar Faro” neste Inverno.
O director-geral da easyjet defende que seja adoptado o modelo da Madeira. Deve ser pedido certificado à partida, mas se o passageiro chegar sem teste realiza um no aeroporto.