Madeira

Madeirenses em Lisboa voltam à Missa do Parto no dia 18

Foto DR/Paróquia da Divina Misericórdia/Instagram
Foto DR/Paróquia da Divina Misericórdia/Instagram

Um grupo de madeirenses residentes em Lisboa volta a organizar este ano a Missa do Parto em Lisboa, com o significado especial de ser feita em homenagem ao Pe. Nélio Tomás. Segundo Ana Castro Neves, uma das mentoras deste encontro que acontece na paróquia da Divina Misericórdia, em Alfragide, que estava já a ser preparada pelo próprio sacerdote, falecido a 6 de Novembro, vítima de doença prolongada.

A médica porto-santense residente na capital portuguesa, que desde 2017 está ligada à organização deste evento do Natal madeirense, enaltece e agradece agora ao Padre José Joaquim Costa e à comunidade local a disponibilidade e o acolhimento para manter esta celebração que se irá realizar no dia 18 de Dezembro às 6h30.

Em Lisboa, desde 2014 e ao contrário do que acontece na Madeira, é apenas celebrada uma missa do parto, mantendo a tradição da novena e a estrutura da celebração como a evocação do Espírito Santo, a ladainha e os cânticos em honra de Nossa Senhora ligados à Virgem do Parto e sobretudo ligados à alegria do nascimento de Jesus.

A Igreja é decorada com o tradicional bordado da Madeira e junto ao altar a “lapinha” ornamentada com tecido com as riscas tradicionais do Arquipélago da Madeira, as “searinhas” e a fruta. A missa é animada ao som de instrumentos tradicionais como a braguinha, o rajão, as castanholas, o “brinquinho” e o acordeão. Este ano, lamenta Ana Castro Neves, além da ausência do padre natural do Porto da Cruz, vai notar-se o silêncio da festa no adro, uma vez que devido às restrições devido à Covid-19 não é possível realizar-se o habitual convívio.

No entanto, esperam-se muitos madeirenses nesta celebração que reúne cada vez mais naturais das nossas ilhas, mesmo residentes fora de Lisboa. "De qualquer modo procuraremos viver este dia mais e mais intensamente, em harmonia com os outros, apreciando o dom da Vida", salientou.

A missa do Parto é uma tradição madeirense que remonta ao início do século XVIII. Esta tradição consiste em nove missas, realizadas entre os dias 16 e 24 de Dezembro, que comemoram a gravidez e expectação do parto da Virgem e que culminam com a celebração da Missa do galo, na noite do dia 24, honrando o nascimento do Menino.

Habitualmente são celebradas durante a madrugada, ainda antes do nascer do sol, porque esta seria a hora mais conveniente para os lavradores, de modo a não interferir com o trabalho nos campos, que começava cedo, atribuindo-se também ao simbolismo da preparação da celebração de Jesus, que nasce para ser a Luz do mundo.

É apenas celebrada, como atrás se referiu, uma missa do parto, que termina, em condições normais, em procissão para o adro da Igreja com o cântico “Virgem do Parto, Ó Maria, Senhora da Conceição, Dai-nos as festas felizes, A paz e a salvação”, seguindo-se o momento de convívio ao som da música popular madeirense, e com as iguarias típicas da região alusivas à época como as broas de mel e côco, rosquilhas, sandes de carne de vinha d’alhos, licores e poncha preparados por um grupo de paroquianos.

Após a curiosidade do primeiro ano, por ser tão cedo, antes do nascer do sol, a participação tem sido cada vez mais numerosa, atraindo multidões de várias partes do território português, madeirenses e não só. Infelizmente pelas restrições impostas, devido à pandemia COVID-19 não foi possível realizar esta missa em 2020.

Devido ao aparecimento da nova variante Ómicron e às recomendações da DGS, não será possível, infelizmente, a confraternização festiva após a missa.