De biólogos a investidores, os membros que são "independentes e não devem nada a ninguém"
Entre biólogos ou investidores, os membros da Iniciativa Liberal, maioritariamente homens, definem-se como um conjunto de pessoas "independentes e que não devem nada a ninguém", defensores aguerridos de "menos Estado e mais liberdade individual".
O Centro de Congressos de Lisboa é este fim de semana palco da VI Convenção Nacional da Iniciativa Liberal, onde se juntam cerca de 700 membros presencialmente e 500 'online', numa reunião magna ainda limitada pela pandemia da covid-19, com o uso já habitual de máscaras, desinfetante e a sinalização de circuitos.
O mote 'Preparados. Liberalizar Portugal 2022' é pano de fundo de um palco decorado em tons de azul, branco e vermelho, numa reunião magna bem diferente daquela que em 2019 elegeu João Cotrim Figueiredo como presidente.
Em Pombal, há dois anos e pouco tempo depois do partido ter chegado ao parlamento, a convenção do partido tinha muito menos membros presentes, numa sala bem mais pequena e sem a produção técnica e audiovisual em que os liberais apostaram nestes dois dias em Lisboa, uma convenção que deixa expresso o crescimento do partido.
Foi ainda criada uma aplicação para telemóveis onde estão todas informações da convenção e através da qual os membros do partido podem, entre outras coisas, inscrever-se para intervir à distância.
"A IL apresenta-se no espetro político como uma verdadeira alternativa, e porquê? Somos um grupo de pessoas formadas, independentes, cada um tem a sua profissão, não deve nada a ninguém, não surgimos de 'jota' nenhuma, pessoas que começaram por se juntar e discutir ideias para o bem do país e da sociedade portuguesa. Nesse sentido, permitiu fazer uma clivagem, a meu ver, para os outros partidos", disse à Lusa Luís Pinho, 38 anos, engenheiro civil e membro fundador.
Este dirigente confessou ter um "profundo acreditar" de que existe "demasiado Estado" na vida dos portugueses e que é necessária "um pouco mais de liberdade" individual.
A trabalhar na banca onde se vende o 'merchandising' do partido, situada à porta do auditório, encontramos Gonçalo Candeias, 21 anos, rodeado de fitas de pulso, canetas ou crachás vendidos a três euros ou casacos desportivos com logótipos do partido a 45, utilizados por vários membros presentes na convenção, assim como t-shirts e outro material promocional com as cores do arco-íris, da comunidade LGBTI.
"O panorama político português tem sido sempre o mesmo, então as pessoas também estavam acostumadas ao mesmo tipo de intervenção e a IL traz uma espécie de frescura que primeiro estranha-se e depois entranha-se", gracejou o jovem biólogo.
Junto à banca, Rita Villas Boas, 47 anos, investidora, partilha com a Lusa que esteve envolvida na fundação do partido quando regressou a Portugal, depois de aos 21 anos ter emigrado.
"Acredito que temos gente fantástica e o que nos limita para criar, ser empreendedores e termos realmente sucesso é a falta de medidas económicas liberais", defendeu.
De acordo com dados oficiais do partido disponibilizados à agência Lusa, atualmente a IL tem cerca de quatro mil membros, 45% dos quais com menos de 35 anos, sendo que cerca de 80% dos membros são do sexo masculino.
Questionada sobre este dado, Rita Villas Boas confessou que gostava que "houvesse sempre mais" mulheres no partido inteiro, como por exemplo nas autarquias, "mas também gostava de ter mais mulheres CEO [diretoras executivas]" no país e que o esforço de atração de militantes para o partido tem que ser feito relativamente a todos os cidadãos.
Menos Estado e mais liberdade é também um lema de Pedro Pereira, jovem de 25 anos, médico, que acredita que a IL "é o partido que pode efetivamente provocar uma mudança de rumo em Portugal".
"O que me fez entrar [na IL] foi conseguir encontrar um partido no qual me identificava por inteiro. Eu era um daqueles votos que votava ora PSD, ora CDS, sempre muito a contragosto: no PSD, por ter uma visão das liberdades económicas um bocadinho frouxa e envergonhada; no CDS, pelo conservadorismo social no qual não me identificava de todo", explicou.
O jovem apontou ainda para "uma espécie de caldo político que tem sido consensual nos últimos 45 anos de que o Estado tem que ter uma posição prioritária e preponderante na economia e na sociedade" o que "limita, e muito, a forma como os portugueses têm independência para pensar por si próprios".
A VI Convenção Nacional da Iniciativa Liberal (IL) arrancou hoje em Lisboa para reeleger o seu deputado único, João Cotrim Figueiredo, como presidente uma vez que se apresenta com lista única.