Madeira defende "interface comercial" e relacionamento político profundo com os Açores
O presidente do Governo da Madeira defendeu hoje a importância de as duas regiões autónomas portuguesas aprofundarem o seu "interface comercial", o relacionamento político e a cooperação científica, para terem mais força de reivindicação junto das instâncias nacionais e internacionais.
"A cooperação política tem que existir e tem que ser aprofundada entre a Madeira e os Açores, porque a cooperação entre dois governos que se entendem permite criarmos escalas no contexto nacional e internacional", afirmou Miguel Albuquerque, na apresentação de um conjunto de iniciativas de promoção de produtos da Marca Açores na Região Autónoma da Madeira.
O chefe do executivo madeirense falava na Casa dos Açores na Madeira, no Funchal, e apontou estar "muito agradado com a dinâmica" que esta "imprimiu às relações bilaterais".
Albuquerque argumentou que se os governos regionais dos dois arquipélagos estiverem "de costas viradas, as reivindicações e ambições justas enquanto regiões insulares não têm grande impacto".
"Em algumas áreas, temos de estudar os recursos e as vontades no sentido de termos mais força reivindicativa, de afirmação no contexto nacional e internacional", sublinhou.
O responsável madeirense apontou a área científica, indicando que deve ser aprofundada a vertente relacionada com o mar entre os dois arquipélagos, a situação da plataforma continental e da investigação.
No seu entender, existe "capacidade de juntar esforços, programas, investigadores, para ter maior capacidade de projeção e intervenção no contexto nacional e internacional".
O governante madeirense também destacou existir a "oportunidade de duplicar o mercado" para os produtos regionais, visando a sua colocação nas duas regiões autónomas, o que considerou ser "uma equação simples, aritmética, fácil e relativamente rápida de concretizar".
Para o efeito, sustentou ser preciso concretizar "uma interação nos transportes", utilizando o avião cargueiro para realizar a transferência dos produtos.
Também sustentou ser imprescindível a cooperação entre as associações comerciais das diversas ilhas para aferir "quais os produtos e empresários interessados em colocar os produtos", além da forma como será desenvolvido este projeto.
O líder do executivo, de coligação PSD/CDS-PP, enfatizou existir, neste momento, intercâmbio entre as duas regiões autónomas, destacando estar perspetivada a realização de "uma exposição de produtos dos Açores, sobretudo da ilha do Pico, de excelência no mercado de Natal [da Madeira], que tem milhares de pessoas".
"Nós [Madeira] vamos também levar os nossos produtos aos Açores", completou.
Depois desta primeira fase, adiantou estar prevista uma cimeira, que não tem data de realização ainda definida, "mas será possivelmente no próximo ano", na qual as duas partes "vão levar o trabalho de casa feito" nesta matéria.
"Porque temos já um conjunto de plataformas de cooperação com os Açores", sublinhou, mencionando projetos desenvolvidos na área da saúde e proteção civil, entre outras.
Miguel Albuquerque acrescentou que, "na área comercial, é decisivo e fundamental dar passos concretos para que os produtos da Madeira e dos Açores, que já estão nos grandes distribuidores, tenham a oportunidade e, sobretudo, a prioridade".
Isto implica, acrescentou, "esses produtos terem a prioridade, a introdução nos cadernos de encargos dos concursos públicos, em termos que sejam legalmente possíveis na União Europeia e no país".
"Existem algumas hipóteses de trabalho que temos de realizar, mas acho que este é o caminho certo", concluiu.