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Desflorestação na Amazónia caiu quase 20% em novembro face ao mesmo mês de 2020

Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

A Amazónia brasileira perdeu 249,5 quilómetros quadrados de cobertura vegetal em novembro, 19,45% a menos face ao mesmo mês de 2020 e a menor taxa registada desde fevereiro deste ano.

Trata-se da menor devastação registada na maior floresta tropical do planeta num mês de novembro desde o início da medição, em 2015, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

De acordo com os alertas registados mensalmente pelo Sistema de Deteção do Desflorestação da Amazónia Legal em Tempo Real (Deter), a área de vegetação nativa perdida em novembro foi quase um terço da de outubro (877 quilómetros quadrados), quando o mês bateu um novo recorde na série histórica.

Apesar da queda, já são 8.142 quilómetros quadrados de floresta tropical devastada na Amazónia brasileira até novembro.

"Essa queda é importante, mas lamentavelmente não há motivo para festejar", disse o porta-voz da campanha "Amazónia" da organização não-governamental (ONG) Greenpeace Brasil, Rómulo Batista.

Para o especialista, a queda na desflorestação é "um evento pontual que não foi provocado por nenhum ato do atual Governo" que, pelo contrário, tem permitido "uma epidemia de mineração ilegal e a invasão de terras públicas, unidades de conservação e reservas indígenas".

A Amazónia brasileira perdeu 13.235 quilómetros quadrados de cobertura vegetal entre agosto de 2020 e julho de 2021, a maior área degradada para um período de 12 meses nos últimos 15 anos e uma área 22% superior à de 2020.

Segundo a organização ambientalista, as ameaças à Amazónia brasileira "continuam a todo o vapor" com a invasão de terras para a pecuária.

"Grandes matadouros do país compraram gado, direta ou indiretamente, de fazendas com desflorestação ilegal localizadas em áreas públicas federais e suspeitas de invasão de terras, contribuindo para a destruição ambiental e caos territorial", assinalou a ONG em comunicado.

A desflorestação na floresta tropical brasileira cresceu pelo terceiro ano consecutivo desde que Jair Bolsonaro assumiu o poder, em janeiro de 2019.

Os ecologistas atribuem esse agravamento ao discurso anti-ambiental de Bolsonaro, que desmantelou agências de fiscalização ambiental e defendeu projetos de mineração e exploração agrícola, inclusive em reservas ambientais e indígenas.