Rússia alerta para perigo de nova "crise de mísseis" na Europa
A Rússia alertou hoje para o perigo de nova "crise de mísseis" na Europa com a instalação de armamento de curto e médio alcance nos países-vizinhos, enquanto persistem tensões devido à concentração de tropas russas perto da Ucrânia.
"É necessário, antes que seja tarde, evitar uma nova crise de mísseis na Europa. O surgimento de armamento de curto e médio alcance nesses territórios é inaceitável", frisou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, citado pela agência noticiosa oficial Novosti, numa alusão à presença da NATO.
Além das garantias de segurança que a Rússia pede à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) para que não se aproxime das suas fronteiras e não coloque armas modernas na Ucrânia, Moscovo reiterou hoje o pedido ao Ocidente, defendendo que seja introduzida uma moratória "verificável" sobre o envio de mísseis na Europa.
"De qualquer forma, colegas, países da NATO, vamos abordar seriamente a questão de como tornar bilateral, mútua e verificável a atual moratória unilateral da Rússia sobre a implantação de tais sistemas [de mísseis]. As nossas propostas estão sobre a mesa. Não devem ignorá-las", afirmou Riabkov.
Já na quinta-feira, Riabkov, "número dois" do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, tinha feito um alerta semelhante, ao não descartar uma repetição da crise dos mísseis cubanos de 1962.
"Se, como dizem, os camaradas do outro lado [Estados Unidos e NATO] não entenderem e tudo continuar como está, é possível que, de acordo com a lógica do desenrolar dos acontecimentos, acordemos repentinamente e nos encontremos numa situação algo semelhante", afirmou.
"Seria um fracasso da diplomacia em geral, um fracasso da política externa, mas ainda há tempo para tentar chegar a um acordo em bases sólidas", acrescentou Riabkov, referindo-se às garantias de segurança que o Presidente russo, Vladimir Putin, propôs ao homólogo norte-americano, Joe Biden, na cimeira virtual de 07 deste mês.
Biden disse que espera anunciar uma série de reuniões de alto nível com os seus principais aliados na NATO e com a Rússia para "acalmar a tensão" entre as partes, mas garantiu que está a preparar, paralelamente, graves sanções caso Moscovo decida invadir a Ucrânia.
Os Estados Unidos e a Ucrânia acreditam que a Rússia está a preparar uma incursão no território ucraniano que poderá ocorrer no início de 2022, depois de ter destacado entre 70.000 e 94.000 soldados para a fronteira com o país vizinho, segundo estimativas da inteligência de Washington e Kiev.
Riabkov garantiu que a Rússia encontrará maneiras de responder às novas sanções dos Estados Unidos e à ameaça de desligar o país do sistema de transferência de dados bancários SWIFT.