Liberais em reunião magna com legislativas à vista e sem mudança de líder
Sem surpresas na presidência já que João Cotrim Figueiredo volta a ser candidato único, a VI Convenção Nacional da Iniciativa Liberal (IL) decorre sábado e domingo, em Lisboa, com as legislativas antecipadas como pano de fundo.
Com cerca de 700 membros presencialmente no Centro de Congressos de Lisboa e 500 online, esta reunião magna eletiva dos liberais será de consagração do deputado único João Cotrim Figueiredo, que se recandidata sem oposição interna a um segundo mandato como presidente da Comissão Executiva, depois da primeira eleição, em dezembro de 2019, na convenção de Pombal, também em lista única.
Pela primeira vez com uma convenção de dois dias, os liberais vão, além de eleger a direção, aprovar a moção de estratégia global, analisar e votar 16 moções setoriais, viabilizar uma nova Declaração de Princípios e aditar novos pontos aos estatutos para cumprir o pedido pelo Tribunal Constitucional.
Ao longo da VI Convenção Nacional antecipa-se o debate político com as diversas intervenções dos membros, estando previsto que o presidente recandidato faça três discursos: no sábado, na abertura (a propósito do relatório de atividades da Comissão Executiva em funções), e na apresentação da moção de estratégia global e, já no domingo, o de encerramento.
A reunião magna dos liberais acontece a menos de dois meses das legislativas antecipadas de 30 de janeiro e as metas eleitorais, estratégia e características dos candidatos estão já definidas na moção de estratégia global 2021-2023, intitulada "Preparados. Liberalizar Portugal", onde é proposto, também sem surpresas, que João Cotrim Figueiredo volte a ser o cabeça de lista por Lisboa.
Depois de nas últimas legislativas terem alcançado 1,29% dos votos, para os liberais é uma "ambição realista" conseguir agora "4,5% dos votos a nível nacional" -- o que significa mais do que triplicar o resultado - e a "eleição de cinco deputados, nos distritos de Lisboa e Porto e com possibilidades também em Braga, Setúbal e Aveiro", deixando assim a condição deputado único alcançada na estreia de 2019 e passando a ter um grupo parlamentar.
De acordo com o texto estratégico, a IL considera que poderá "ser a chave de uma solução de Governo alternativa à do PS" de duas formas: ou integrando um Governo de coligação "com forças políticas não socialistas e não-populistas" ou viabilizando no parlamento um "Governo não-socialista, mediante acordo escrito", em ambos os casos fazendo depender esta decisão da adoção de "um conjunto significativo de medidas liberais".
"A Iniciativa Liberal não celebrará, em nenhum dos atos eleitorais previstos ou antecipados, quaisquer acordos escritos ou verbais, pré ou pós-eleitorais com o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista Português ou o Chega", compromete-se.
Se da agenda não faz parte a discussão e aprovação de nomes ou do programa eleitoral -- essas ficarão para o Conselho Nacional -- a moção já estabelece as características que os candidatos liberais terão que ter, bem como aquilo que presidirá à constituição das listas.
Valorizar o mérito ("nomeadamente interno"), incluir independentes, apresentar novos rostos e "preferencialmente selecionar pessoas com ligação efetiva aos círculos" são alguns dos critérios para a elaboração das listas às legislativas patentes na moção, que fixa ainda "cinco características essenciais para os eleitos liberais": coerência, integridade, astúcia, generosidade e resistência.
Para domingo está prevista a eleição da comissão executiva, cuja lista única liderada por João Cotrim Figueiredo, também ela de continuidade, apresenta algumas alterações, com algumas saídas e outras entradas.
Assim, entre as novidades da nova direção como vogais está um dos fundadores do Movimento Europa e Liberdade (MEL) Paulo Carmona, o professor catedrático Miguel Pina e Cunha e a advogada Ana Pedrosa-Augusto, que foi vice-presidente eleita no primeiro congresso do Aliança e integrou já as listas da IL à Câmara de Lisboa nas últimas autárquicas, para além do assessor do partido e militante número dois da IL, Rodrigo Saraiva.
De saída deste órgão estão Mónica Mendes Coelho e Maria Castello-Branco.
Para entrar na convenção, onde é obrigatória a utilização de máscara, será necessária a apresentação de certificado digital de vacinação à covid-19 ou de resultado negativo de teste antigénio realizado no prazo de 48 horas ou PCR com prazo até 72 horas.