Madeira

Consumo de electricidade representa quase 70% do gasto em energia nas casas madeirenses

Foto Shutterstock
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A despesa média com eletricidade no alojamento aumentou na última década, constituindo 68,7% da despesa com energia nos alojamentos familiares

A Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM) disponibiliza hoje no seu portal um conjunto de dados estatísticos com os resultados definitivos do Inquérito ao Consumo de Energia no Sector Doméstico (ICESD).

O ICESD permitiu obter informação detalhada e atualizada do consumo e despesa com energia no sector doméstico na Região: alojamento (e respetivos equipamentos) e transportes de uso individual dos residentes no alojamento; sendo a informação obtida referente ao período de outubro de 2019 a setembro de 2020.

Consumo de energia

Em 10 anos, o consumo médio de energia por alojamento (alojamento e transportes) diminuiu 17,6%

Em 2020, o consumo total de energia no sector doméstico na Região foi de 94 290 toneladas equivalente de petróleo (tep), incluindo o consumo com energia nos veículos utilizados no transporte individual dos residentes no alojamento e o consumo com energia no alojamento: 51 122 tep (54,2%) e 43 168 tep (45,8%), respetivamente. Passada uma década, o consumo de energia baixou em ambas as dimensões, sendo que em 2010 foi igual a 52 753 tep nos transportes e 44 431 tep no alojamento.

O consumo médio de energia por alojamento na Região foi de 0,991 tep, 0,537 tep nos veículos e 0,454 tep no alojamento. Em 10 anos, o consumo médio de energia nestas duas dimensões diminuiu de 1,202 tep/aloj para 0,991 tep/aloj, representando um decréscimo de 17,6% face a 2010.

Despesa com energia

Entre 2010 e 2020, a despesa média com energia (alojamento e transportes) aumentou de 1 639 €/aloj para 1 828 €/aloj

Apesar do decréscimo do consumo de energia no sector doméstico verificado na última década, a despesa total com energia aumentou de cerca de 132 milhões de euros para 174 milhões de euros. Em 2020, o maior encargo com energia foi destinado exclusivamente ao alojamento (53,2%, 93 milhões de euros; 62 milhões em 2010).

Em termos médios, por alojamento, foram despendidos 1 828 € com energia em 2020 (1 639 em 2010): 972 € com energia consumida exclusivamente no alojamento e 856 € com combustíveis utilizados nos veículos. Enquanto entre 2010 e 2020 a despesa média no alojamento aumentou (763 €/aloj em 2010), a despesa média em combustíveis baixou ligeiramente (876 €/aloj em 2010).

Alojamento

Em 2020, por alojamento, em média foram despendidos 667 € com eletricidade, valor consideravelmente superior ao estimado em 2010, 382 €/aloj

O decréscimo do consumo total com energia no alojamento, verificado nos últimos 10 anos, deve-se maioritariamente à redução do consumo de GPL em garrafa (17 319 tep em 2010 e 12 265 em 2020) e de biomassa (2 785 tep em 2010 e 2 186 tep em 2020), uma vez que os consumos de eletricidade e de GPL canalizado aumentaram 16,1% e 27,7%, respetivamente.

Em 2020, o consumo total com energia exclusivamente no alojamento foi destinado maioritariamente à eletricidade (55,2%), verificando-se um aumento do peso da eletricidade no consumo total de energia no alojamento face a 2010 (9,0 pontos percentuais). Contrariamente, as fontes de energia provenientes de GPL em garrafa e biomassa perderam relevância na última década, tendo o seu peso diminuindo de 39,0% e 6,3% em 2010 para 28,4% e 5,1% em 2020, respetivamente.

Relativamente à despesa com energia exclusivamente no alojamento, em 2020, foi apurada uma despesa total de 92,5 milhões de euros. A maior despesa com energia no alojamento destinou-se à eletricidade, representando 68,7% do total despendido com energia nos alojamentos, seguindo-se as fontes de energia GPL em garrafa (23,7%), GPL canalizado (6,5%) e biomassa (1,2%). Em média, foram despendidos 667 € por alojamento com a eletricidade em 2020, valor consideravelmente superior ao estimado em 2010, 382 €, indicando que em 10 anos a despesa média anual com eletricidade aumentou 285 €.

Considerando o tipo de utilização final, os resultados do inquérito mostram que consumiu-se mais energia na cozinha, tendo este consumo médio baixado na última década: 0,229 tep/aloj em 2010 e 0,195 tep/aloj em 2020. O segundo maior consumo médio de energia destinou-se ao aquecimento de águas (0,115 tep/aloj) e, por fim, ao aquecimento do ambiente (0,007 tep/aloj).

Enquanto no consumo total de energia na cozinha, a eletricidade tem maior expressão (52,8%), no aquecimento de águas sobressai o recurso a GPL em garrafa (54,8%) e no aquecimento do ambiente a fonte biomassa – lenha, pellets e briquetes ou carvão vegetal – 77,5%.

Considerando apenas a eletricidade, o consumo e despesa com esta fonte de energia foram superiores no uso de equipamentos elétricos, constituindo 50,1% do consumo total e 50,9% da despesa total com eletricidade. Seguiu-se a utilização de eletricidade na cozinha, representando 41,1% do consumo e 40,1% da despesa total com eletricidade.

Na iluminação dos alojamentos, destaca-se que a lâmpada LED foi utilizada em 73,0% dos alojamentos da Região (0,7% em 2010). Apesar da transição generalizada para lâmpadas de baixo consumo na última década, a Região continua a ser a região do país com menor aderência a este tipo de lâmpadas (80,1% em Portugal).

Transportes

Em 2020, foram despendidos 1 321 €/aloj em gasóleo e 997 €/aloj em gasolina

O gasóleo foi o combustível mais usado nos veículos afetos aos indivíduos residentes nos alojamentos de residência principal da Região, tanto em 2010 como em 2020, tendo o seu peso, no consumo total de combustíveis, aumentado na última década (57,8% em 2010 e 63,1% em 2020).

Entre 2010 e 2020, o peso do gasóleo, na despesa total com combustíveis utilizados nos veículos afetos aos residentes nos alojamentos, aumentou de 50,7% para 58,3% e o peso da gasolina baixou de 49,3% para 41,7%.

Em termos médios, em 2020 foram despendidos 1 321 € por alojamento em gasóleo e 997 € por alojamento em gasolina, indicando um decréscimo da despesa média em gasóleo e um aumento da despesa média em gasolina nos últimos 10 anos (1 338 €/aloj e 942 €/aloj em 2010, respetivamente).

Os alojamentos da Região cujo rendimento mensal líquido do agregado familiar se situa abaixo da retribuição mínima mensal garantida (RMMG) – 635 € em 2020 – em média, despenderam 82,4 € por mês em combustíveis (gasóleo ou gasolina). Os gastos médios tendem a aumentar em linha com o escalão de rendimento do agregado familiar. No entanto, na Região este aumento não é linear, uma vez que a despesa média mensal por alojamento em combustíveis é mais baixa no último escalão de rendimento (115,4 € por mês no escalão 4 000 € ou mais) do que nos escalões imediatamente anteriores.