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Em finais de 2022 haverá 8,9 milhões de migrantes venezuelanos na América Latina

Foto SCHNEYDER MENDOZA/AFP
Foto SCHNEYDER MENDOZA/AFP

A ONU alertou na quinta-feira que até finais de 2022 haverá 8,9 milhões de migrantes e refugiados venezuelanos radicados em 17 países da América Latina, superando os atuais 6 milhões de emigrados, 5 milhões na região.

O alerta foi dado por Eduardo Stein, representante especial conjunto da agência da ONU para os refugiados (ACNUR) e da Organização Internacional das Migrações (OIM), no lançamento do Plano Regional de Resposta a Refugiados e Migrantes (RMRP), que prevê que sejam necessários 1.790 milhões de dólares (1.582 milhões de euros) para apoiar os venezuelanos que escaparam da crise política, económica e social na Venezuela.

"O plano de resposta de 2022 prevê que haverá um total de 8,9 milhões de refugiados e migrantes da Venezuela nos países do RMRP até ao final de dezembro de 2022", disse Eduardo Stein.

Segundo aquele responsável, isso inclui "6 milhões de pessoas venezuelanas no destino, mais 1,9 milhões em movimentos pendulares e quase um milhão de retornados colombianos".

"Estima-se que 8,4 milhões de pessoas vão necessitar de assistência, incluindo 2 milhões de membros das comunidades de acolhimento. Trata-se de um forte aumento de pessoas com necessidades em comparação com anos anteriores. É também um reflexo dos crescentes desafios que enfrentam tanto os refugiados e migrantes da Venezuela como as comunidades de acolhimento", disse aquele responsável.

Por outro lado, precisou que 3,8 milhões de venezuelanos vão receber assistência direta do RMRP 2022, programa que alcançou o número sem precedentes de 192 associados, entre eles 23 organizações da diáspora venezuelana, dirigidas por refugiados e migrantes, assim como 117 ONGs.

Segundo Eduardo Stein, o programa prevê fortalecer os processos de reconhecimentos de títulos académicos e certificações profissionais, meios de subsistência, geração de recursos e a execução de programas de coesão social para combater a xenofobia.

O setor da saúde terá o maior número de beneficiários, com 2,72 milhões, o que demonstra, segundo aquele responsável, o número de pessoas com problemas de saúde no contexto da pandemia de covid-19 e a importância de reforçar os sistemas nacionais para prestar serviços sanitários a refugiados, migrantes e comunidades de acolhimento.

Eduardo Stein explicou que, em 2022, a maioria dos migrantes venezuelanos "terão passado vários anos nas comunidades de acolhimento" e por isso as suas necessidades vão além "de intervenções imediatas para salvar vidas, incluem o acesso, a regularização, documentação, proteção, autossuficiência e integração".

"Por essa razão, o apoio a iniciativas de regularização e documentação para refugiados e migrantes da Venezuela é uma prioridade chave para o RMRP 2022 (...). Vinculado a isto está a prioridade de facilitar a integração local efetiva, promovendo a integração nos sistemas nacionais de proteção social, planos de vacinação da covid-19 e planos a mais longo prazo, para garantir o direito à saúde, educação, habitação e outros serviços essenciais", explicou.

A crise política, económica e social venezuelana agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou assumir publicamente as funções de Presidente interino da Venezuela, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.