A política da minha bisavó!
- Desliga essa televisão, mulher, ou muda para outro canal qualquer.
- Oh homem, não te apoquentes, deixa-os falar, já se sabe que até finais de Janeiro vamos ter que os aturar.
- Eu já não os posso ouvir dizer, que temos de evitar que a DIREITA chegue ao PODER… como se a ESQUERDA deixasse o País num paraíso para se viver!
- Tens razão, mas se fossem os outros que estivessem lá entoavam a mesma canção. A política é assim, às vezes até parece que foi feita por e para gente ruim.
Para ser sincera contigo, meu marido, a minha preocupação é que para esta pouca-vergonha não vejo solução.
- Eu sei que nessa opinião não estás só, mas eu acho que se pode mudar aplicando a política da minha bisavó!
- Quem havia de dizer, que tua bisavó pertencia à política e que só agora eu viesse a saber.
- Não, mulher, nada te quis ocultar, “política” é uma maneira de falar, minha bisavó era uma pessoa de uma palavra só. Íntegra, trabalhadora, competente, não se a pode comparar com certa gente.
- Agora já entendo. Bom, mas o que foi que aconteceu e que tua bisavó, afinal, resolveu?
- Minha bisavó Encarnação, tinha um bando de filhos, que todos os dias armavam sarilhos na hora da refeição.
Um que achava, que tinha o prato mais vazio do que o outro, e reclamava; outros que diziam, que aquilo que os outros tinham no prato, eles nos seus não tinham, e, em conclusão final, achavam que queriam e deviam comer todos por igual.
- Cálculo que fosse para tua bisavó uma situação infernal.
- Pois, e isto levou tempos e tempos infinitos. Sempre que havia algo para comer, aqueles empecilhos arranjavam sempre sarilhos.
Até que um dia minha bisavó disse ao meu bisavô: Ou a isto dou solução ou não me chamo Encarnação!
- Mas, mulher, que vais fazer, se o problema deles é o comer?
- Eles nunca estão satisfeitos e agradecidos com o quinhão que lhes é oferecido. A partir de amanhã os pratos serão retirados e um “panelão” na mesa é colocado. Comendo todos no mesmo” gamelão ” acaba-se a discussão.
- Bom, admito que a tua bisavó tivesse resolvido a questão, só não entendo é o que isso tem a ver com a política de então.
- Eu só estou a fazer uma comparação. Eu quero dizer que uns pelo comer e outros pelo PODER, armam sempre uma enorme confusão.
- E na tua ideia qual seria a solução?
- Pô-los todos a “comer” no mesmo “gamelão do PODER”!
- Está num sentido figurativo, mas perfeitamente entendido. O que queres afirmar é que todos os partidos deviam se juntar num só governo e governar e assim podiam continuar a lutar (como habitualmente) desinteressadamente, Pelo PAÍS e pelo POVO, mas já sem razão para guerrilhas e de dizerem mal uns dos outros.
- Exatamente. E só assim irias ver, como deixaríamos de ser, um País da treta, deficiente como um maneta, da conveniência de uns poucos em prejuízo de tantos outros.
Juvenal Pereira