China suspende transporte de carga em cidade na fronteira com a Rússia
Uma cidade chinesa na fronteira com a Rússia, afetada por um surto de covid-19, encerrou hoje as ligações ferroviárias de carga, quando a China regista o maior número de novos casos no espaço de um mês.
O Ministério da Saúde chinês notificou 91 novos pacientes, nas últimas 24 horas, todos na região autónoma da Mongólia Interior e a maioria ao redor ou na cidade de Manzhouli, que tem 230.000 habitantes.
É por esta cidade que passa mais de 65% do comércio sino-russo.
Manzhouli já tinha registado várias dezenas de casos nos últimos dias, pressionando as autoridades a impor bloqueios localizados e restrições nos movimentos.
O governo local afirmou que o porto ferroviário de Manzhouli "suspendeu a importação de mercadorias não contentorizadas, incluindo madeira, carvão (...) e outros produtos que requerem carga e descarga manual".
O objetivo é "bloquear a propagação da epidemia via bens importados", acrescentaram as autoridades.
A decisão de parar os comboios de carvão ocorre numa altura em que a China está fortemente dependente daquele combustível fóssil para operar as suas centrais de energia.
O país foi afetado, nos últimos meses, por cortes esporádicos de energia, motivados, em parte, pela escassez de carvão.
A China, onde a covid-19 foi detetada pela primeira vez há dois anos, conseguiu conter a epidemia no seu solo desde a primavera de 2020, graças à imposição de quarentena obrigatória para quem chega do exterior, medidas de confinamento ou testes em massa.
Pequenos surtos continuam, no entanto, a complicar o trabalho das autoridades de saúde.
Entre os pacientes em Manzhouli estão trabalhadores da indústria madeireira e encarregados de descarregar mercadorias.
Desde 2020, as autoridades estabeleceram ligações entre determinados surtos e o contacto de pacientes com produtos importados. No entanto, essa hipótese permanece questionável pela comunidade científica.