Interrogatório dos arguidos da 'Operação Miríade' é retomado esta quarta-feira
O interrogatório dos 11 arguidos detidos na 'Operação Miríade' foi interrompido hoje pelo juiz de instrução Carlos Alexandre, após mais de cinco horas de diligência no Juízo de Instrução Criminal de Lisboa, sendo retomado na quarta-feira às 09:30.
De acordo com fonte do tribunal, durante este primeiro dia de interrogatório houve cinco arguidos que decidiram prestar declarações: Fernando Delfino, (civil), Luís Chantre (ex-comando), Emanuel Marques (civil), Michael Oliveira (agente da PSP) e Artur Amorim (advogado).
Quanto aos restantes seis detidos, a opção foi de não prestarem declarações hoje.
O juiz Carlos Alexandre definiu o reinício da diligência a partir das 09:30 com a promoção das medidas de coação por parte do Ministério Público (MP) e as alegações dos advogados de defesa. De seguida, serão decididas as medidas de coação pelo juiz de instrução.
Entre os 11 arguidos que foram detidos na segunda-feira pela Polícia Judiciária (PJ) estão militares, ex-militares, nomeadamente Comandos, um agente da PSP -- do comando metropolitano de Lisboa --, um guarda da GNR em formação e um advogado.
No entanto, fonte ligada ao processo adiantou à Lusa que da rede criminosa fazem ainda parte várias dezenas de pessoas e cerca de 40 empresas, algumas que funcionavam como "fachada" para os negócios.
Paulo Nazaré, o alegado líder da rede, é um dos 11 detidos (e um dos que não fez hoje declarações perante o juiz) e prestou serviço como soldado na 2.ª Força Nacional Destacada (FND) na República Centro-Africana de outubro de 2017 a março de 2018, tendo depois abandonado a vida militar.
A Polícia Judiciária (PJ) executou, a 08 de novembro, 100 mandados de busca e fez 11 detenções, incluindo militares, um advogado, um agente da PSP e um guarda da GNR, no âmbito da Operação Miríade, num inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais que "se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas", com vista ao branqueamento de capitais.
Em comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revelou que alguns militares portugueses em missões da ONU na República Centro-Africana podem ter sido utilizados como "correios no tráfego de diamantes", adiantando que o caso foi reportado em dezembro de 2019.