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Resultados das legislativas no Iraque confirmados após recontagem de votos

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Foto EPA

A comissão eleitoral iraquiana anunciou hoje a conformidade dos resultados das eleições legislativas de outubro, após a recontagem de dezenas de milhares de boletins de votos, exigida pelas fações pró-iranianas, que perderam o escrutínio.

Depois de analisar os recursos das fações contestantes, a comissão eleitoral disse ter concluído que os resultados estavam corretos, anunciando em comunicado ter terminado a recontagem manual dos boletins em 4.324 urnas.

"Verificámos todos os boletins nas mesas de voto contestadas e os resultados correspondem aos já anunciados", pode ler-se.

A comissão acrescentou que anunciaria os resultados finais das eleições após confirmação da comissão jurídica, sem avançar uma data.

De acordo com os resultados preliminares, a corrente do influente líder xiita Moqtada al-Sadr ficou em primeiro lugar nas eleições.

As tensões pós-eleitorais culminaram numa tentativa de assassínio, no domingo, do primeiro-ministro, Mustafa al-Kazimi, que escapou ileso de um ataque com um drone [aparelho aéreo não-tripulado] à sua residência em Bagdade, que feriu dois dos seus guarda-costas.

Ainda hoje, um alto general iraniano visitou a capital iraquiana e garantiu que Teerão e seus os aliados nada tiveram a ver com o ataque, segundo indicaram dois políticos iraquianos.

A notícia da visita chegou depois de um general iraquiano ter dito que a investigação ao ataque está em andamento, mas que há indícios que apontam para a responsabilidade de fações pró-iranianas, já que, acrescentou, os drones utilizados vieram de áreas a leste da capital, onde essas milícias têm influência.

Esmail Ghaani é o comandante das Forças Quds do Irão, responsável principalmente por operações militares e clandestinas fora do país.

O ataque a al-Kazimi, ainda não reivindicado, ocorreu quase um mês depois das eleições legislativas de 10 de outubro, em que a Aliança Conquista, a montra política do Hashd al-Shaabi, uma influente coligação de antigos paramilitares pró-iranianos, perdeu alguns lugares de acordo com os resultados preliminares.

Este grupo denunciou a "fraude" eleitoral e os partidários acusaram Kazimi de ser "cúmplice".

O anúncio do comité de hoje sobre a conformidade dos resultados corre o risco de agravar a situação.

Durante várias semanas, os apoiantes do Hashd al-Shaabi têm vindo a reunir-se em duas entradas da Zona Verde em Bagdade, fortemente protegida, para protestar contra os resultados preliminares.

Na sexta-feira, os confrontos com as forças de segurança provocaram a morte de um manifestante, de acordo com uma fonte de segurança.

Alguns iraquianos acusam o Hashd, agora parte do Estado iraquiano, de ser o representante do Irão no Iraque, e atribuem à organização responsabilidade pelos assassínios e raptos de ativistas contra o poder que se revoltaram em outubro de 2019.

Apesar da derrota eleitoral, espera-se que a coligação continue a ser uma força política significativa no Parlamento graças à interação de alianças.