Buscas a comandos por suspeita de tráfico não afectam imagem do país
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse hoje que a imagem de Portugal não sai afetada por causa de buscas ao Regimento de Comandos por suspeitas de tráfico de diamantes em missões militares noutros países.
"Não afeta a nossa imagem internacional. Se as autoridades judiciais entendem que há indícios que exigem investigações, essas investigações devem ser feitas. Vigora o princípio da separação dos poderes. não tenho nada a dizer sobre investigações em curso", disse Augusto Santos Silva.
Fonte ligada ao processo confirmou à Lusa que a operação está a decorrer em vários locais do país, entre os quais o regimento dos Comandos na Carregueira, Sintra, e que conta com cerca de 100 mandados de busca e detenção. Em causa estão suspeitas de tráfico de droga, ouro, diamantes e branqueamento de capitais.
Segundo a TVI, que avançou com a notícia da operação, os visados são militares, comandos e ex-comandos, militares da GNR e agentes da PSP que terão usado missões portuguesas da ONU, nomeadamente na República Centro Africana (RDA) para cometerem os crimes.
De acordo com vários órgãos de comunicação social, estão a ser cumpridos, pelo menos, 10 mandados de detenção em Lisboa, Porto, Bragança e Vila Real. A investigação foi aberta há mais de um ano no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.
Augusto Santos Silva disse aos jornalistas, à margem de uma conferência do AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), em Coimbra, que "não trata indícios como se fossem factos apurados".
"O que digo é que a imagem internacional de Portugal muito beneficia do facto de, como gostamos de dizer, sermos um contribuinte líquido para a segurança internacional e o facto de em particular nas missões da paz das Nações Unidas ou da NATO ou das missões da União Europeia o papel desempenhado pelos militares portugueses ser unanimemente reconhecido", sublinhou.
Augusto Santos Silva destacou a sua experiência enquanto ministro da Defesa e agora como ministro dos Negócios Estrangeiros, sublinhando que não ouviu de nenhum interlocutor internacional que fale sobre as missões de Portugal que não fosse um "pedido para que continuemos a reforçar a nossa presença".