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PC Chinês inicia reunião-chave para consolidar poder do líder Xi Jinping

Foto EPA/ROMAN PILIPEY
Foto EPA/ROMAN PILIPEY

Centenas de membros da elite política da China reúnem a partir de hoje, em Pequim, num dos mais importantes eventos deste ano na agenda política do país, que deve servir para consolidar o poder do Presidente Xi Jinping.

Xi deve assegurar um terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), reforçando ainda mais o seu estatuto como o líder mais poderoso da China, desde o fundador do regime comunista, Mao Zedong, que esteve no poder entre 1949 e 1976.

O Comité Central do PCC reúne até quinta-feira, com um plenário a portas fechadas. Num curto comunicado, a agência noticiosa oficial Xinhua anunciou que o encontro teve início hoje.

Na ordem do dia está uma resolução sobre a História do Partido, que completou 100 anos, em julho passado.

Xi Jinping "explicou" o conteúdo desta resolução ao Comité Central, de acordo com a agência, que não deu mais informações.

"Esta resolução está claramente alinhada com a abordagem de Xi Jinping, que visa prolongar a sua posição à frente do Partido após o XX Congresso", observou Alice Ekman, analista responsável pela Ásia no Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, citada pela agência France-Presse (AFP).

O XX Congresso realiza-se no próximo ano e vai servir para oficializar o terceiro mandato de Xi.

Daí a necessidade de impor a sua visão de poder: fortalecer a autoridade do Partido para evitar o destino do regime comunista na extinta União Soviética.

Xi Jinping pode aproveitar esta resolução para "limpar os momentos da História de que não gosta", em particular os excessos das reformas económicas, lançadas no final da década de 1970, apontou o sinólogo Chris Johnson, do Centro para Estudos Internacionais de Estratégia, unidade de investigação com sede em Washington.

Durante o seu século de existência, o PCC adotou apenas duas resoluções sobre a História do Partido: uma em 1945, quatro anos antes de Mao assumir o poder, e a outra em 1981, quando Deng Xiaoping lançou as reformas que converteram a China na segunda maior economia do mundo.

Deng aproveitou a oportunidade para virar a página sobre o Maoísmo, ao criticar os excessos do seu antecessor, como a industrialização forçada do "Grande Salto em Frente" e o caos da "Revolução Cultural".

Xi Jinping "vai fazer com Deng o que Deng fez com Mao, ao criticar os excessos da política de reforma e abertura", apontou Chris Johnson.

Isto encaixaria na campanha para limitar a atuação do setor privado, que afetou já os gigantes da Internet e do imobiliário.

"O peso do PCC na economia aumentou muito nos últimos três anos. O processo de liberalização iniciado pelos líderes anteriores está a ser fundamentalmente questionado", observou Alice Ekman, autora do livro "Bright Red, the Communist Ideal Chinese".

Os analistas não têm dúvidas de que Xi Jinping está a tentar aumentar ainda mais a sua influência no país, o primeiro a ser atingido, há quase dois anos, pela pandemia de covid-19.

A imprensa estatal chinesa continua a repetir que a política de "zero casos", adotada pelas autoridades, é a mais acertada, apesar dos novos surtos detetados em várias províncias.

Num longo despacho transmitido no sábado, a Xinhua informou que o presidente passou "uma noite sem dormir", em janeiro de 2020, pouco antes de impor a quarentena em Wuhan, a cidade no centro da China onde foram diagnosticados os primeiros casos da doença.

"O tempo mostrou que esta abordagem rígida é a única opção viável", escreveu a Xinhua.

Para a agência, Xi é um "homem determinado e ativo, um homem de reflexão e sentimentos profundos, um homem que herdou uma história, mas não hesita em inovar, e que tem uma visão para o futuro".